sábado, 29 de janeiro de 2011

O PARTO DA MULHER E O PARTO DA OVELHA

Somos Animais…Mamíferos...é assim que deviam compreender as necessidades de cada gestante ao parir seu filhote...
Ontem estava pesquisando no “Google” sobre vocalização durante o trabalho de parto...e para minha surpresa (não deveria ser pois penso o parto ser algo instintivo e animal...mas enfim) encontrei alguns links sobre a vocalização dos animais (não humanos) ao parirem. Entrei num que me chamou mais a atenção...tratava-se de um artigo de Simone Fernandes, uma zootecnista de São Paulo, falando sobre o desenvolvimento do cuidado materno nas ovelhas, bem como a influencia do ambiente durante o parto e a formação de vínculo mãe-filho. Segue parte do artigo... vejam que interessante...se trocarmos alguns nomes....poderíamos utilizar como protocolos nas nossas maternidades...e ninguém saberia que se trata de ovelhas...rs

"Comportamento materno de ovinos"
Na eminência do parto, a ovelha indica mudanças de comportamento como um aumento de inquietação, caminhar em círculos, abaixar-se e levantar-se repetidamente. O tempo até o parto após essas mudanças de comportamento é curto, e algumas ovelhas nem demonstram todos eles, de acordo com Arnold & Morgan, 1975), que ao estudarem o comportamento de ovelhas de várias raças. De acordo com Arnold & Dudzinski (1978), dois fenômenos são reportados no parto de ovelhas, que são vantajosos para os cordeiros: o isolamento e a busca de proteção. O isolamento da ovelha ao pré-parto tem sido registrado em várias raças em diferentes partes do mundo, porém existem diferenças de raças ao maior ou menor isolamento, como também de técnicas de manejo, como tamanho de piquete, taxa de lotação, clima e outros. Em ovinos, como em outras espécies, as primeiras horas do nascimento do jovem animal caracteriza-se por interações comportamentais entre mãe e filhote, as quais causam um vínculo entre ovelha e cordeiro, particularmente dentro de duas horas do nascimento e a deficiência desses comportamentos materno e do neonato, resultam em laços débeis entre mãe e filho, podendo resultar em doenças (Nowak, 1996). Com diferenças entre idades, a ovelha começa a limpar seu cordeiro em poucos minutos após o parto, com as membranas que envolvem o nascimento normalmente ingeridas neste processo de limpeza. Antes, acreditava-se que somente a mãe tinha um papel importante no estabelecimento do vínculo materno-filial, entretanto Nowak & Linsay (1990) mostraram que a distinção dos cordeiros por suas mães, e a vocalização de mãe e filho durante esses cuidados após o parto, é muito importante no estabelecimento desse vínculo. De acordo com Dwyer et al. (1998), os ovinos têm uma vocalização específica ao parto: um balido de tom baixo ou ronco, que é feito exclusivamente para o cordeiro, e de grande importância no estabelecimento do vínculo ovelha-cordeiro.
É grande a perda de cordeiros no período pré natal por várias causas, algumas como inadequada quantidade de colostro ou leite, baixo peso ao nascimento, complexo exposição- inanição e comportamentos insuficientes da mãe e do cordeiro. Muitos processos revelam que interações mais efetivas entre cordeiro e mãe, levam a melhorar a sobrevivência do cordeiro; e no processo de reconhecimento, o nível de nutrição do cordeiro, ou seja a ingestão de colostro nas primeiras horas após o nascimento pode ter papel importante: cordeiros bem alimentados são mais hábeis em reconhecer suas mães, por serem mais saudáveis e vigorosos (Nowak & Linsay, 1992). O período para a formação do laço entre mãe e filho em ovinos é menor que 5 horas, depois disso, se não houver contato, há um rápido declínio no interesse materno pelo filhote com aumento de comportamento agressivo contra ele (Arnold & Dudzinki, 1978). De acordo com Nowak (1996), o vínculo entre mãe e filhote pode ser maximizado por práticas de manejo, como:
1) estratégias ótimas de alimentação durante a gestação e o parto, que não só melhoram o peso do cordeiro, como influenciam a qualidade do comportamento materno.
2) a permanência no local do parto por no mínimo 6 horas, onde ocorre o processo de ligação da mãe com o filhote; devendo evitar nesse período algumas práticas de manejo como por exemplo pesagem e identificação.
O "imprinting" é um processo de aprendizagem que normalmente ocorre em um curto período, no caso de mãe e filhote, o período crítico é logo após o parto- cerca de 5 horas; e neste período é conveniente que evite-se incômodos para a ovelha e o cordeiro, para que haja boa formação do vínculo entre ambos (Costa, 1989).

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