Relato de Parto da Priscila
Relato de Parto da Nitiananda
Relato de um parto! O meu parto!
Há 1 ano atrás esta data foi marcada, um dos dias mais importantes de nossas vidas! A chegada do nosso amado Pedro.Como a música composta para ele “chegou de mansinho sem esperar”, uma gestação tranqüila cheia de descobertas, expectativas e sonhos. Papai desde que soube da minha existência, começou a sonhar e idealizar um parto natural e na banheira, rs! Mamãe olhava seu entusiasmo e ainda não dava muita importância, apenas esperava. Com 40 semanas (pela ecografia) fui encaminhada a maternidade para fazer o cardiotoco e estava tudo bem, a médica solicitou que retornássemos em 3 dias. Assim fizemos e repetimos o exame e também uma ultra, o médico que realizou a ultra solicitou o internamento para indução pois estava entrando naquele dia em 41 semanas (pela ecografia). Sem ainda entender o que estava acontecendo, começou a me dar um friozinho na barriga meu bebe iria chegar. Bom para minha surpresa, fui entender o que era indução já no centro obstétrico e me colocaram um sorinho com oxitocina (aquele que dá dor, rs) e ali permaneci o dia todo sem evolução. Ficava entre 2 e 3 cm e nada de contrações...sempre que podia saia para caminhar e meu esposo me aguardava para ficarmos juntos...a noite tiraram o soro e eu dormi em meio a mulheres que sentiam dores e tinham seus bebes e foi assim na sexta (25/02/11), no sábado cedo o médico do plantão da noite passou me ver e disse que passaria meu caso para o próximo médico e que provavelmente fariam uma cesaria (eu fiquei toda feliz, pois tinha muito medo de sentir as dores e queria ver logo meu bebe).Para minha surpresa e tristeza no momento (por que queria ver logo meu bebe e ir para casa) a médica de plantão não fez a cesaria e me colocou novamente no soro, e mesmo assim não havia evolução então ela decidiu introduzir um remédio pra ver se mudaria o quadro, foi horrível!!! Eu já estava a 1 dia e ½ sendo acompanhada com exames de toque, e ainda iriam introduziram um remédio que doeu pela delicadeza do feito. Infelizmente a equipe que entrou de plantão me tratou como mais uma, apenas mais uma que estava ali... sem contar a delicadeza da médica do plantão que era de dar medo. Após a introdução do remédio permaneci a tarde todo caminhando no corredor do hospital com meu esposo, já muito cansada, anciosa, triste pelo tratamento que havia recebido, chorava e queria muito ir embora daquele lugar... já nem pensava mais ter meu filho ali, queria ir para outro lugar. Durante todo este plantão, ninguém me chamou para me examinar se havia evoluído ou não, eu sentia as dores pela primeira vez, mas preferia ficar ali do que entrar naquela sala e assim foi a tarde toda. A noite mais uma troca de plantão e a médica me deixou pra outro médico que entraria no plantão no sábado a noite (26/02/11) decidir, o médico do plantão da noite decidiu tirar meu soro e continuar a indução no outro dia. Já enfurecida, por que a cada plantão um empurrava para outro e nada. Meu esposo então me levou para casa, falou com o médico que eu não dormiria no hospital se não fossem fazer nada a noite e assim foi, fui para casa recebi minha família que veio de longe conhecer o novo membro ( detalhe ainda não havia nascido, rs) conversei, abracei, descansei, fui acolhida e amada e no outro dia antes do plantão da noite terminar estava eu no hospital novamente.O médico veio até mim e disse que passaria meu caso para o médico que entraria no plantão e que se não tivesse mudança do quadro até 14h fariam a cesaria. Em fim, para minha surpresa quem entrou no plantão foi a medica que solicitou o caridotoco, fui logo explicando minha situação sem que ela pudesse ler o prontuário ou falar algo. Depois de me ouvir ela me olhou e me disse que faria a cesaria, como se fosse se retirar da sala a medica voltou colocou a luva e disse, “ mas primeiro deixa eu te examinar” neste momento, sem soro e nada eu estava com 4 cm de dilatação, foi então que a medica olhou pra mim e disse “ Priscila se da essa chance, você tem tudo para que o seu bebe nasça de parto norma, vamos tentar mais um pouco se não der fazemos a cesaria”. Eu já tinha ouvido essa historia, rsrsr mas eu senti segurança no que ela me dizia, quando deu em torno de 14h ela retornou eu não sentia nada, nem dor, nem contração, foi então que ela fez novamente exame de toque eu já estava segundo ela com 6 para 7 cm de dilatação, a médica me disse que era privilegiada de não estar com dor até ali, ai ai mal eu sabia né?! Rs ela me perguntou se a bolsa havia rompido, respondi que não. Foi então que ela decidiu romper a bolsa, foi tudo tão rapido que eu até então não havia me dado conta que meu bebe logo nasceria, após romper a bolsa uma enfermeira veio até mim e me disse se gostaria de ir para o chuveiro “um dia antes uma enfermeira havia comentado que uma colega de trabalho chamada Adelita que fazia partos lindos,” bom e para minha alegria a enfermeira que me convidou pra ir para o chuveiro era a Adelita, tive um carinho muito grande por ela (na sequencia entenderam o por que).Já no chuveiro com a bola, as dores aumentavam e a cada tempo Adelita estava comigo acompanhando, batimentos, contrações... em uma das vindas da Adelita, ela perguntou se eu queria sair do chuveiro pois as contrações passaram a ser frequentes e mais fortes, a água do chuveiro que caia nas costas ajudava bastante e não queria me mexer, me sentia confortável ali e pedi se não podia ficar no chuveiro e Adelita me disse “se quiser pode ter seu bebe ai” rs e assim foi. Lembro que sentia muito medo, “compartilhando que minha mãe sempre me dizia que eu não aguentaria um parto normal, por ser muito mole” rs, eu também achava que não aguentaria. Pedi a Adelita que ficasse ali comigo, ela se sentou na minha frente e ali ficou, eu apertei a mão dela, a perna, espremi os pés delaa cada força que fazia, ai coitada...mas a presença dela ali foi fundamental, quando estava com 8cm de dilatação veio a surpresa, meu marido foi chamado para estar comigo, por que surpresa? No hospital em que estava do SUS permitia assistir o parto, mas se houve alguém para acompanhar, se não houvesse muitos partos, se o médico permitisse e lembrando eu estava no centro obstétrico onde tem outras mulheres ganhando bebes, rs. A Adelita pediu que colocassem biombos pra meu esposo passar sem ver as outras mulheres e em alguns minutos ali estava ele, ficou comigo o tempo todo, me ajudou e viveu aquele momento único para nós. Em 4h50 min de trabalho de parto as 18h50 o Pedro (até então não sabiamos o sexo do bebe, fizemos essa opção de não ver...era nossa surpresa, nosso presente) nasceu, veio para nossos braços em um momento sublime de amor incondicional...Ele estava ali, abriu os olhinhos e nossos olhares se cruzaram pela primeira vez.Eu não planejei ter um parto natural e muito menos de cocóras, mas foi assim que o Pedro nasceu no chuveiro e de cocóras. Embora tenha tido muitas interversões, desnecessárias ou não, isto não sabemos. Mas de uma coisa eu sei, foi a maior experiência das nossas vidas e eu pude ver que posso parir! Depois de tudo isto agradeci ter passado esses dias no hospital, por que somente assim pude no domingo ter uma equipe excelente de plantão e ter tido a oportunidade de ter a Adelita como parteira, então entedi e aprendi Nada acontece por acaso, para tudo há um proposito!!!! Priscila a mãe do Pedro.
Relato de Parto da Nitiananda
Da preparação para um parto domiciliar a saída da maternidade
Eu estava preparada para o meu parto. Assim como todas as mulheres, eu nasci com a capacidade de parir. O instinto estava pronto. Mas isso não bastava. Eu preparei mente e corpo para o parto. Pesquisei, li livros e textos, naveguei na internet por sites e blogs, participei de cursos, conversas, encontros. Mergulhei no mundo da gestação, parto e maternidade. Preparei meu físico para o parto com aulas de hidroginástica. No yoga aprendi a olhar pra dentro, a respirar, a sentir, a meditar. Com a preparação para o parto ativo resgatei minhas essências selvagens de uma mulher mamífera. Renovei minhas crenças com a busca pela minha espiritualidade. Despertei minha alma feminina. Preparei o ninho com muito amor e dedicação. Conheci pessoas maravilhosas que trilharam junto comigo o belo percurso da gestação. E ao meu lado, o melhor companheiro do mundo. Tudo por nossa filha que nos escolheu para nos transformar. Antes de engravidar eu já tinha certeza de que queria um parto normal. Nunca me questionei sobre “onde e como” parir, mas queria parir naturalmente, na água. Achava que esta era uma forma menos agressiva para um bebê chegar ao mundo. Logo que descobrimos que estávamos grávidos, corremos fazer um plano de saúde para que pudéssemos aproveitar as consultas e os exames com a cobertura do plano. Sabíamos que os procedimentos obstétricos não seriam cobertos devido ao período de carência. Sabendo disso, passamos a procurar maternidades, seus preços e serviços. Tudo muito caro e as únicas opções eram: normal ou cesárea, quarto ou enfermaria. Sempre que entrava em contato com as maternidades perguntava sobre o parto na água e a reação foi sempre a mesma, negação. Começamos a reparar que o tal parto natural na água não era nada fácil e que inclusive era muito difícil um profissional que atendesse esse tipo de parto. Aí começou nossa busca incansável por profissionais humanizados. Aliás, essa foi uma palavra que aprendemos em nossas pesquisas. Parto natural, humanizado, ativo, empoderamento, doula. Palavras que passaram a fazer parte do nosso dia a dia. Numa única noite lemos páginas e páginas de depoimentos de parturientes e profissionais, assistimos dezenas de vídeos, descobrimos o encanto do parto domiciliar, choramos por uma legião. Buscamos as doulas que atendiam aqui em Curitiba e descobrimos a Inês, Patrícia, Luciana e Katya. Lembro que naquela noite mal dormi tamanha euforia. No dia seguinte, liguei para Inês, para a Patrícia e para a Luciana. Marcamos horário para conhecê-las e conhecer o seu trabalho. Durante a semana continuamos lendo sobre o universo do da gestação e parto. Nos informamos muito sobre os processos da gestação. Quando conhecemos a Inês, ficamos maravilhados com seu jeitinho e seu encanto nos dominou. A própria Beatriz sinalizou sua simpatia por esta doula. Ela nos passou o contato da Adelita, enfermeira obstetra que, com sua equipe, assiste a partos domiciliares aqui em Curitiba. Inês também nos convidou a participar do encontro de gestantes do Espaço Aobä que aconteceria no dia seguinte. Fomos ao encontro e simplesmente adoramos. Ouvimos sobre intervenções obstétricas e ficamos chocados com tanta interferência num processo absolutamente natural. Como já havíamos gostado bastante da Inês e através do Aobä manteríamos contato com a Luciana, desmarcamos o encontro com a Patrícia, que foi muito querida ao telefone. Voltei ao Espaço Aobä para conversar com a Luciana sobre parto e conhecer a aula de yoga ministrado pela Talia. Lu é um grande exemplo para nós. Dona de uma consciência e doçura marcantes. Tínhamos certeza de que o parto domiciliar faria parte da nossa história. Na semana seguinte comecei a freqüentar as aulas de yoga e parto ativo. Foi amor a primeira vista. Tanto com a prática quanto com a Talia, uma das melhores pessoas que já conheci, um encanto de ser humano. Nesta mesma semana conhecemos a Adelita, mais um anjo que a partir daquele dia faria parte de nossas vidas. Não víamos a hora de começar os atendimentos domiciliares, mas ainda faltava 20 semanas para isso. Quando contamos aos familiares e amigos, a unanimidade nos taxou como loucos, retrógrados e até irresponsáveis. Conforme nosso conhecimento aumentava, os julgamentos diminuíam. E ao final, muita gente já estava do nosso lado e outros “engoliam a seco”. Bom, no restante da gestação foi muita busca, pesquisa, leitura, vídeos e mais vídeos. Participamos dos demais encontros do Espaço Aobä e do workshop sobre parto ativo com Janet Balaskas. Uma experiência incrível. Quando qualquer dúvida surgia nós não exitávamos em perguntar para essas grandes meninas que estavam nos acompanhando. Construímos uma amizade muito especial. Nosso obstetra se mostrou contrário ao parto natural, oferecendo inclusive uma data anterior as suas férias para marcarmos a cesárea. Nunca mais voltamos ao seu consultório. Por indicação da Adelita, conhecemos o Drº Leonardo, e desde minha primeira fala deixei bem claro nossos interesses e inclusive o informei que, caso necessário, não seria ele que me acompanharia durante o parto na maternidade, pois iríamos para uma maternidade do SUS, a Vitor Ferreira do Amaral, dita humanizada. Ele foi muito receptivo e se mostrou a favor do parto natural. Nos explicava cada etapa da gestação com riqueza de detalhes. Quando trocamos de obstetra estávamos com 24 semanas. Continuamos nosso pré-natal muito satisfeitos com ele. Na segunda consulta, ele disse que provavelmente nossa Bebê já estaria com a cabeça para baixo. Ficamos contentes, pois minha única preocupação é que ela ficasse sentadinha, impossibilitando o parto domiciliar. Porém, na 34ª semana ele nos disse que achava que ela ainda não havia virado, e que se não virou até ali, não viraria mais. Eu bati o pé e disse que acreditava que ela viraria. Ele recuou e disse que talvez pelo fato de eu me exercitar, inclusive com as posições do yoga, era possível que ela virasse. Saí do consultório muito sensível. E chorei o dia todo. Naquela noite teria mais um encontro de gestantes, e passei quase todo o encontro chorando no cantinho. Ao final, a Lu e a Talia vieram falar comigo e ajudaram o Raul a me tranqüilizar. Aquela dúvida me perturbou durante as semanas seguintes. Com 35 semanas começamos o acompanhamento com a equipe de enfermeiras obstetras. Adelita, Aline e Maria Rita. Mulheres sensíveis que compreendem e respeitam o ciclo da vida e que estavam em perfeita sintonia com nossos motivos para a escolha de um parto domiciliar. Nossos encontros eram banhados a comidas carinhosamente feitas por mim, muita conversa, histórias, risos, e é claro, muito contato com a pequena Beatriz. Nossa menina sempre respondeu aos nossos toques e interagia com cada um que tocava em minha barriga. Ouvíamos seu coraçãozinho, a freqüência da placenta, conversávamos sobre nossos desejos, sobre a gestação e o parto. E elas também ficaram na dúvida sobre o posicionamento da Beatriz. Dúvida cruel. Com 37 semanas fizemos um super ultra-som ecológico lindamente colorido. Maria Rita foi perfeita, delineou cada traço com muito cuidado e carinho, e contou com a ajuda de um super papai. Neste dia, a posição da Beatriz dava fortes indícios de que ela estava de cabeça para baixo, na posição cefálica. E assim foi feita a pintura. Até que com 38 semanas, numa terça feira, fizemos a última ultra-sonografia tecnológica. E a apresentação pélvica da Beatriz foi confirmada com as palavras da médica “é, parto natural não vai ser não. Ela ta sentada. Sua cesárea deverá ser marcada para uma semana, pois bebê pélvico é indicação absoluta de cesárea”. O Raul naquele momento ficou mais abalado que eu. Eu preferi a certeza, porque a dúvida estava me tirando o sono. Conversei com a Talia e com a Lu, e elas me ensinaram exercícios e técnicas para ajudar a Bebê a virar. Os dias seguintes foram árduos, intensos, doloridos e muitos sensíveis. Fiz acupuntura, engatinhei, virei cambalhota na água, utilizei a técnica da haptonomia, conversei muito com Beatriz. Buscamos dentro de nós respostas para o fato dela não ter virado. Temos nossas suposições. Achávamos que ainda tínhamos tempo, pois ainda faltavam aproximadamente 10 dias para a data provável do parto, e nos últimos tempos não víamos nenhum bebê nascendo com 38/39 semanas. No final de semana próximo, Adelita iria tentar um versão externa, e ainda iríamos reunir As doulas Talia, Inês e Luciana para conversarmos sobre outras possibilidades para o parto. Entramos em trabalho de parto. Dia 2 de Julho de 2011, aproximadamente 6 horas da manhã. Um sábado gelado, dia cinzento típico de Curitiba. Foi um susto. Ainda na cama, senti as primeiras cólicas, voltei a dormir, mais uma cólica, e assim foi durante meia hora. Estava sonolenta, sem entender minhas sensações, mas percebendo o início da chegada da minha filha. Senti vontade de ir ao banheiro. O fiz. E lá sentada mandei mensagem para Talia, minha querida amiga, doula, com quem estive durante mais da metade da gestação nas aulas de yoga e parto ativo, falando sobre o que eu estava sentido. Voltei ao quarto, deitei novamente, mas não consegui manter a posição por mais nenhum minuto. Foi quando o Raul percebeu minha agitação e levantou para saber o que estava acontecendo. Ele percebeu rapidamente que eu estava em trabalho de parto, pois junto comigo aprendeu na teoria tudo o que acontece com uma mulher em trabalho de parto. Talia respondeu a mensagem perguntando se eu queria que ela viesse pra minha casa. Eu disse que achava que ainda era cedo e que a manteria informada. Comecei a conversar com minha Bebê e contar-lhe o que estávamos passando. As ondas de contração desde o início eram intensas, mas muito rapidamente ficaram ainda mais fortes e próximas, com intervalos regulares de 5 em 5 minutos. Eu estava tão bem, tão feliz, tão inteira e entregue às contrações. Eu me movimentava livremente, respirava profundamente e sentia cada movimento. Raul ligou para Maria Rita que não atendeu. Ligou para Aline e ela aconselhou um banho quente para ver se realmente estávamos em trabalho de parto. Disse que se as dores e as contrações se acalmassem, provavelmente estaria ainda nos pródomos. Fiz o que recomendou. Entrei debaixo do chuveiro, com a água batendo em minhas costas para ver se as dores diminuíam. O que não aconteceu. Pedi para que o Raul trouxesse a bola suíça e toalhas para eu colocar no chão gelado. Não agüentei ficar muito tempo no chuveiro, pois estava muito frio. Na verdade o que eu sentia eram cólicas fortes, perfeitamente suportáveis, que nada combinavam com um cenário de sofrimento. Eu estava amando sentir as contrações. Estava alegre, com sorriso no rosto, era pura energia. Na sala, onde só havia um tapete, pedi ao Raul que colocasse uma coberta grossa para que eu pudesse me ajoelhar com conforto. A posição mais agradável para passar pela contração era em quatro apoios sacolejando o quadril. Não pensei sobre isso, apenas deixei que meu corpo me falasse o que fazer. Minha mente, meu corpo, minha alma e meu espírito apenas sentiam as vibrações da minha pequena Beatriz. Naquele momento tudo era ela, por ela e para ela. Quando Raul falou com Maria Rita, ela disse que deveríamos ir à maternidade, pois o trabalho de parto progredia rapidamente. Ele me contou com muito cuidado e percebi em sua expressão um ar puramente melancólico. Disse que era pra eu pegar minha bolsa, documentos e alguma roupinha para Beatriz. Eu recebi a notícia com tranqüilidade, mas no fundo não pensei no que aquilo significava. Separei a malinha dela, suas roupinhas e fraldas. Olhei cada peça, conversei com minha filha, contei-lhe o que estava fazendo. Raul disse que era pra fazer uma mala simples, que depois ele voltava para pegar mais coisas. Mas eu estava preparando as coisinhas da nossa filha, com calma e cuidado. Não conseguia fazer nada depressa. Ele me ofereceu pão para eu não ficar com o estômago vazio, mas não consegui comer nada, apenas mordisquei a fatia de pão. Nessa altura, quando a onda vinha, eu abraçava o Raul e soltava meu corpo sobre o dele, com a cabeça baixa respirava tranqüila, soltando ar calmamente com um baixo sonzinho de “uuuu”. Eu não pensava em nada, apenas que a partir daquele dia tudo seria diferente, melhor e mais bonito com a presença da minha filha. Com tudo pronto, Raul foi buscar o carro no estacionamento do prédio da minha mãe, a meia quadra da nossa casa. Enquanto isso eu continuava a arrumar a malinha da beatriz. Peguei minhas coisas e senti uma vontade grande de agarrar meu travesseiro, já que não poderia abraçar o Raul com ele dirigindo. No carro, tomamos o cuidado em forrar o meu banco com lençol descartável, caso a bolsa estourasse. Naquele momento quis minha mãe comigo. Passamos em seu apartamento para chamá-la para ir junto conosco à maternidade. Subir as escadas do prédio nunca foi tão difícil. Minha mãe tinha acabado de acordar e seu café da manhã estava pronto. Quando falamos que eu estava em trabalho de parto e que estávamos indo para a maternidade, ela não acreditou. Levou uns 30 segundos para assimilar o que estava acontecendo comigo, e foi com uma contração que ela se convenceu. Ela foi se vestir e pegar sua bolsa para que pudéssemos sair. Senti em seu olhar que ela estava com dó de mim por estar sentindo dor. Mas eu estava bem, apenas incomodada com o fato de que por algum tempo teria que ficar sentada, imóvel dentro do carro. Ainda na casa dela, senti vontade de comer uma banana, e a comi com muito gosto. Já o café da manhã da minha mãe ficou intacto. No caminho para a maternidade minha mãe contou o intervalo entre as contrações. Estava regular de 2 em 2 minutos. Quando chegamos lá, ai sim senti dor. Dor porque dali em diante eu não seria mais dona de mim, dona do meu corpo. A atendente da maternidade fazia perguntas direcionadas a mim, e eu, sem a menor condição de responder. Raul tomou as rédeas e fez toda a parte burocrática para meu internamento. A sala de espera estava tranqüila, quase vazia, com cadeiras quebradas, desconfortáveis. Fiquei ali por pouco tempo, logo me chamaram para o acolhimento. Ali começou a humilhação, o desrespeito. Ninguém pôde entrar comigo. Nem meu marido, nem minha mãe. Uma enfermeira me encaminhou à uma sala gelada, com uma cama ginecológica, uma mesa velha, e um biombo próximo a uma janela. Ela me pediu que esperasse até que o médico chegasse. Ele entrou na sala em instantes e nem sequer me olhou. Com frieza, pegou uma ficha com meus dados e pediu que eu tirasse toda a roupa e acessórios e vestisse uma camisola. Com muita dificuldade, despi-me e vesti a camisola aberta nas costas. Saí de traz do biombo me sentindo péssima, envergonhada, constrangida. O médico me pediu para deitar na cama ginecológica para realizar um exame de toque. Ele constatou que eu estava com 4 centímetros de dilatação e confirmou que a minha Bebê estava com apresentação pélvica. Fui encaminhada à sala de trabalho de parto, onde muitas mulheres em TP ficavam, separadas apenas por um biombo. No caminho encontrei minha mãe, Raul e Maria Rita. Eles estavam numa luta para que a maternidade cumprisse a lei do acompanhante. Até que permitissem a entrada do Raul, eu fiquei sozinha, apenas sentindo minha Bebê. Neste momento eu já estava muito introspectiva, não queria conversar, as dores estavam muito fortes. Raul, depois de muita discussão, entrou na sala e ficou ao meu lado, segurando minha mão. Fui ao banheiro e uma enfermeira me tirou de lá pelo risco da Bebê nascer na privada. Eu estava numa maternidade, porquê havia riscos em minha Bebê nascer naturalmente como fosse?! Beatriz era tão pequena, tinha certeza que escorreria facilmente pelas minha pernas. Mas não me deixariam parí-la . Me deram uma cumbuca de inox, a comadre, caso eu sentisse novamente vontade de ir ao banheiro. A comadre foi colocada no degrau da escadinha para subir na cama, foi deixava na frente de todo mundo. Nem xixi consegui fazer. Eu não conseguia me mexer. Estava tão constrangida. Sentia-me humilhada, invadida, ignorada, desrespeitada. Mantive-me deitada durante o restante do tempo. As dores, por isso, pareciam mais intensas, mas eu simplesmente não conseguia me mover. De um lado uma parturiente gritando dizendo que ia morrer. Do outro, uma mulher sem dores. Eu estava fora do meu lugar. Eu não deveria estar ali. A dor do desrespeito era tão grande que eu já não podia suportar. Era uma dor na alma, no coração, no espírito que estava sendo calado. Durante uma contração uma enfermeira me enfiou uma agulha no punho. E nem tinha como ser diferente. Contrações de 2 em 2 minutos. Era soro para hidratação, pois eu havia vomitado e os rumores é que eu iria pra cesárea. Mas isso em nenhum momento me foi comunicado com decência. De repente entra um médico, escreve em minha ficha, não me olha, e diz ao vento “me disseram que você comeu uma banana, não deveria, e por isso, sua cesárea ocorrerá por volta das 13h”. Puxa vida!! Ainda faltavam 2 horas e meia!! Eu sabia disso porque algum infeliz colocou um relógio na sala de trabalho de parto. Assim que uma contração terminava, eu mal conseguia relaxar, pois o tic-tac do relógio ressoava em meus ouvidos me lembrando que a próxima onda estava chegando. E assim, nessa angústia o tempo passou, e novamente aquele médico estranho apareceu na porta. Uma enfermeira entrou e me disse que iria para o centro cirúrgico. Pois bem, eu e o Raul estávamos indo pra lá. Mas fomos barrados. A enfermeira disse que ele só poderia entrar com a permissão do médico. E aqui começou mais um drama: o desrespeito a lei do acompanhante. O médico, Drº Sergio Chiesa, estava próximo a nós e rapidamente nos disse que Raul não poderia me acompanhar, pois iria atrapalhar seu trabalho. Grosseiramente, dirigiu-se a nós como personagem principal do MEU parto. De forma estúpida, nos disse que ele era o médico de plantão ali, a paciente era dele, a cirurgia era dele e, portanto, ele decidiria quem entrava na sala. O médico não permitiu argumentações e Raul, por medo de que ele oferecesse algum risco a mim ou a nossa filha, calou-se, deu-me um beijo e disse “vai dar tudo certo”. Senti um vazio tão grande que é impossível mensurá-lo. Estava desorientada, confusa, amedrontada, insegura, sensível, frágil, vulnerável. Não me conformo que o pai daquela criança que estava nascendo não pôde participar ao meu lado da chegada de sua filha. Eu não acreditava no que estava acontecendo. Após a despedida, entrei no centro cirúrgico, rodeada de pessoas estranhas que conversavam aleatoriamente sobre os mais diversos assuntos que nada tem a ver com o universo de um nascimento. Luzes fortes, incômodas para mim, imagine para a minha bebê! Sim, eu estava sofrendo! Dores? Ainda as sentia, mas diante de toda a situação a dor da alma era infinitamente mais forte. E então veio o anestesista, pediu que me sentasse na cama e não me mexesse. Uma enfermeira tagarela me ajudou a sustentar a posição. Um dos meus maiores medos antes de engravidar era a tal anestesia. Falavam-me de uma agulha imensa que doía ao perfurar a pele. Não senti nada. Em instantes um calor me subia pelas pernas. Confesso que a sensação foi ótima, e eu queria não sentir mais dores. Já me bastava a dor na alma. Naquele momento me veio uma preocupação: “como vocês sabem se anestesia pegou?”. A enfermeira me disse que seria feito um teste. Levei um beliscão. A partir daí minhas lembranças são mais vagas. Eu mal sentia que estava ali. Lembro de terem amarrado minha mãos, subido um campo azul e preparado o restante do cenário. Vi o médico se aproximando e ele começou a mexer na minha barriga, estava passando o PVPI. E até eu ver minha filha foi a sensação que tive. Senti também uns solavancos no alto da minha barriga. Depois fiquei sabendo que tinham garfos abrindo minha barriga e um outro instrumento batendo em todos os meus órgãos. Ouvi um barulhinho de aspirador de dentista. Quanto sangue tiraram de mim! Aqueles minutos pareciam uma eternidade e eu ainda não acreditava. 13h51. A pediatra trouxe uma garotinha para eu conhecer. Minha filha! Linda! Perfeita! Encantadora! Muito atenta, com os olhinhos arregalados, em silêncio, apenas sentido este novo mundo. Beijei-a. Cheirei-a. Dei boas vindas a ela e a disse que eu era sua mãe. Agradeci-a por ter me escolhido e lhe falei que teria que nos separar por alguns instantes, mas que logo nos encontraríamos novamente. “Eu te amo filha”. E nos braços na pediatra ela se afastou de mim. Eu queria que isso nunca tivesse acontecido. Queria ficar com ela. Sentir seu calor, seu perfume, sua respiração. Queria oferecer toda a minha proteção, meu amor, meu carinho, meu peito. Queria meu marido, queria sua mão. Queria minha família completa. Enquanto os profissionais terminavam a cirurgia, o Raul apareceu com nossa bebezinha no colo. Lindos! Meus amores! Raul chorava, eu chorava, e a Beatriz apenas nos olhava. Foi um momento muito sereno, de pura contemplação. Nós três, finalmente! Ficamos assim por alguns minutos, mas o médico mandão pediu para que o Raul saísse porque ele precisava terminar o seu trabalho. Por Deus do céu, como o Raul poderia atrapalhar o procedimento médico? Eles estavam em extremos opostos, a presença do Raul não mudaria em nada para ele, mas para mim representava muito. E de novo fiquei sozinha. Quando o médico começou a me costurar ele perguntou se eu queria que a Adelita tirasse os meus pontos. Obviamente disse que sim, pois nela eu confio. A cirurgia terminou e me levaram para uma salinha. Aproximadamente uma hora depois do parto, a enfermeira Isabella trouxe a Beatriz enrolada numa manta, parecia uma trouxinha, tão pequenininha (2.755Kg e 47Cm – apgar 9/10). Isa colocou minha bonequinha perto do meu peito e me ajudou a dar seu primeiro mamá. Foi tão lindo. Beatriz tinha uma pega perfeita. Mamou com gosto. Isabella foi um anjo muito iluminado que esteve ao nosso lado no nascimento da Beatriz. Ela ajudou o Raul a entrar no centro obstétrico e assistir ao parto pelo vidro da porta. Ele ficou lá o tempo todo. Entrou na sala com a pediatra para a realização dos primeiros procedimentos neonatais. Mais ou menos 5 minutos depois do nascimento, Beatriz foi para os braços do Raul. Foi amamentada com todo amor e carinho pelo pai. Recebeu calor, proteção, afeto. Não poderia haver melhor colo naquele momento. Pai e filha em profundo contato, tão íntimo, tão intenso. Para sempre! Ainda na salinha pós-parto a Isa me entregou a impressão da placenta em papel – a árvore da vida – e a própria placenta, que normalmente seria jogada no lixo. Imagina! O órgão que nutriu minha filha e nos uniu durante tanto tempo merece um final mais digno. Isa foi rápida e salvou nossa placenta. Bem, depois de termos ficado naquela salinha que ninguém, exceto a Isa, aparecia para ver como estávamos, fomos levadas para o corredor onde toda a família pôde nos ver. Foi tão legal. Embora eu estivesse apenas semi-presente por causa da anestesia, foi bom ver todo mundo. Minha mãe. Como foi bom vê-la! Depois da rápida visita, fomos levadas para o quarto. Lá o atendimento a mim e a minha filha foi excelente. As enfermeiras foram muito atenciosas e queridas. Raul ficava o tempo todo conosco. Um pai e um marido exemplar. E eu só apreciava minha pequena. Não cansava de olhá-la. Ela ficava em meu peito o tempo todo. Mamava tanto e tão bem. Como era bom senti-la em meu corpo. Precisei muito da ajuda do Raul e da minha mãe – durante a noite – pois não conseguia pegá-la sozinha, mal conseguia ficar em pé. Precisava sempre de um apoio para levantar sem cair devido a tontura que sentia. Ser mãe me fez valorizar ainda mais minha própria mãe. Um verdadeiro anjo que Deus encarregou de cuidar de mim toda a vida. As duas noites que fiquei na maternidade eu não dormi, e quando cochilava o fazia sentada, pois todas as vezes que tentei deitar sentia uma dor imensa que me fazia chorar. Ainda assim fazia o possível para me movimentar, caminhar, mesmo com dor e dificuldade. Foi muito complicado. Não era pra ser assim. Eu deveria estar inteira para a minha filha. Me sentia derrotada, frustrada. Quanta dor ainda sinto por isso. Quanta lágrima ainda derramo. Meu direito de parir foi arrasado. Meu sonho foi destruído. Me senti massacrada por conveniências médicas e burocráticas. Meu parto só não foi pior, graças à linda menina que saiu de minhas entranhas pela portinha que abriram para ela conhecer o mundo. Sim, meu parto foi traumático, doloroso, desrespeitoso, humilhante. E dizer que “o importante que é ela está aí, nasceu bem e tem saúde” não cura minhas feridas de um parto no qual eu não participei. Nunca poderei dizer a ela “fui eu que te pari”. E apesar dos pesares, a chegada da Beatriz foi o momento mais feliz da minha vida e sinto uma enorme gratidão por tudo. É muito dolorido lidar com a dor da desconstrução de um parto, de um sonho. Mas aceito de coração tudo o que nos aconteceu e entendo que esta foi nossa história, e que ela aconteceu exatamente como deveria ser. A partir disso transformamos nossas vidas. É difícil, e talvez eu leve a vida toda para processar tudo. Mas é com o dia a dia de mãe que minha ferida vai sendo curada. É com cada movimento e conquista da Beatriz que percebo o quanto somos maiores que tudo o que aconteceu. O parto representa apenas uma parte do grande universo da maternidade consciente. A cesárea não nos torna piores pais, ela apenas nos coloca um desafio ainda maior na arte de maternar. O nascimento da minha filha representa a maior transformação pela qual eu poderia passar. E aquele dia conturbado, um dos melhores e mais intensos da minha vida. Para Beatriz quero sempre fazer o melhor para que ela tenha o maior carinho, o maior amor, o mais sincero toque, o melhor aleitamento, a melhor infância. Por que eu sou a melhor mãe do mundo para minha filha. E por mais dolorosa que tenha sido, a experiência da cesárea foi sim muito positiva. Com ela tenho aprendido a me superar, a entender, a aceitar. E por ela quero ser ainda melhor para minha família. Talvez minha transformação como mulher não fosse tão grandiosa se tudo tivesse saído dentro do planejado. Mas por tudo que passei, pela dor do desrespeito, descobri que posso ajudar outras famílias a não passarem pela mesma humilhação que eu. Entrei na luta pela mudança no atendimento obstétrico atual. Pelo empoderamento feminino, pelo direito de parir com liberdade, pelo direito de nascer com respeito e dignidade. Por uma sociedade mais consciente, pela harmonia entre pais e filhos. Pelo desabrochar dos novos seres. Os filhos do mundo. As novas gerações. O nosso futuro. O futuro da humanidade.
Relato dos Partos de Aline Calça
MINHA TRAGETÓRIA DURANTE OS 9 MESES DE GESTAÇÃO.
Em 2000, quando iniciei minha pós-graduação em Enfermagem Obstétrica, conheci a Enf. Obstetra Shunaida Sonobe. Durante o estágio do processo de nascimento, falei para Shunaida que guando eu engravidasse, ela iria me acompanhar no meu parto, pois aquele tipo de parto que eu estava aprendendo fazer com ela, que gostaria para mim. Gostaria de um parto natural, sem intervenções desnecessárias e ser tratada com respeito e individualidade como ela estava nos ensinando. Dia 27/11/2002, minha menstruação estava atrasada há 7 dias, guando resolvi realizar o exame de gravidez. Estava torcendo que desse positivo e para minha felicidade e do João o resultado foi POSITIVO. Que felicidade nosso primeiro filho!!! Dia 01/12/2002 realizei minha 1 ecografia com 6 semanas de gravidez. Estava medindo 12 mm o saco gestacional, não deu para visualizar o embrião. Fiquei muito emocionada. Realizei a 2° ecografia dia 09/12/2002, já deu para ver o coração batendo com 7 semanas e 1 dia. O bebê media 10 mm. Dia 21/01/2003, toda família no consultório para saber o sexo do bebê. Papai João e vovó Lourdes. O bebê estava acordado, dava pra ver os ossos das mãos, a coluna vertebral, foi muito emocionante, chorei a ecografia inteira. E o sexo foi confirmado que é um MENINO, o nosso BRENO, ficamos todos contentes e emocionados. Com 18 semanas e 4 dias senti meu filho se mexer pela 1° vez, a partir deste dia não parou mais de mexer, é uma sensação muito gostosa, é uma comprovação que ele está vivo. Com 27 semanas e 5 dias, na ecografia deu pra ver que o Breno é a carinha do pai, não tem o que tirar, o nariz e a boca são idênticos do papai João. Com 37 semanas já sentia que o Breno tinha encaixado e minha barriga tinha baixado. A ansiedade começou a aumentar nesta época. Com 38 semanas fiz minha última ecografia, o Breno estava maduro para nascer. A partir daí tive que colocar na minha cabeça que poderia nascer até 41 semanas, que seria a hora que ele quisesse nascer e não a hora que eu gostaria que nascesse. Dia 18/07 perdi o tampão mucoso. A semana que estava com 37/38 semanas, já estava sentindo dor tipo cólica e dor lombar, mas era bem fraca. Dia 20/07 fui caminhar no Parque Barigui. Essas dores fracas estavam permanentes, achei que estava querendo entrar em trabalho de parto. Neste dia estava assistindo Fantástico e passou uma reportagem de mulheres grávidas. Uma delas tinha ido na consulta de pré-natal e a médica foi avaliar e estava com 8 cm de dilatação, comecei a chorar sem parar. Falei para meu marido, que me emocionei, porque queria que meu parto fosse igual ao dela, humanizado e rápido. Para minha surpresa de madrugada às 2:40 h , rompeu a bolsa, eu estava dormindo, acordei com a cama totalmente molhada. Quando levantei senti uma pressão grande em baixo ventre e começaram as contrações mais fortes e regulares. Liguei para Enf. Shunaida, que iria me acompanhar no parto. Fui para o chuveiro e fiquei uns 40 minutos. Sabia que não faltava muito tempo para nascer. Liguei para mim mãe avisando que iria nascer. Ficar debaixo do chuveiro foi muito bom, ajudou para relaxar e a me concentrar durante as contrações. Sai do chuveiro e fiquei caminhando, pois me senti melhor. Meu marido parecia uma barata tonta, ficava andando pra lá e pra cá, não sabia o que fazer. Ele perguntou o que ele poderia fazer, disse que nada, queria que ficasse somente do meu lado. A Shunaida chegou e avaliou, estava com 8 cm de dilatação, nem acreditei. Chegamos na maternidade às 4 h da manhã. Shunaida perguntou se eu queria analgesia, disse que não iria precisar, pois estava conseguindo “suportar” as dores, ou melhor estava preparada psicologicamente para um parto mais natural possível. Fiquei caminhando o tempo todo, resolvi deitar um pouco, nas na hora que iniciava a contração , tinha que me levantar, pois era a melhor posição. Ás 5:00 h estava com 10 cm de dilatação. meu marido e minha mãe estavam comigo me dando apoio. Estava o ninho preparado para receber meu breno. música ambiente, penumbra. no momento que estava coroando todos na sala comentavam “olha o cabelinho do breno” e eu tbém queria ver. a shunaida disse coloque a mão na cabeça dele e sente o cabelinho. senti seu cabelo e às 5:34 h, o breno nasceu!!! bebê lindo, saudável, pesando 3270 g , 48 cm. foi colocado imediatamente nos meus braços e ficamos enamorando por uns 10 minutos. a vovó Lourdes cortou o cordão umbilical. o papai emocionado, chorou muito. A gravidez foi super tranquila, sem intercorrências. Foi muito bom ter o apoio dos familiares e das pessoas que gosto e confio. como é importante ter esta segurança, saber o que está acontecendo e o que vai acontecer com você, ser literalmente a protagonista do nascimento de seu filho.
2° tragetória de 9 meses de gestação
Eu e João já estavamos programando o nosso 2 filho. este mês estava muito ansiosa esperando um resultado positivo. dia 29/10/2007, estava muito ansiosa pelo resultado, e por minha felicidade e do joão deu positivo. quando meu filho breno chegou da escola, contamos a novidade a ele. ele deu risada na hora, disse que estava contente. mas, no mesmo dia, não largava de mim um minuto. Com 14 semanas e 3 dias, estavamos todos ansiosos pra saber o sexo do bebê. pai, irmão e avós estavam tbém presentes. e para surpresa e felicidade de todos era o enzo. chorei o tempo todo de felicidade. Meu filho breno foi muito carinhoso com o enzo, todos os dias beijava a barriga e abraçava, dizia bom dia, boa noite para o irmão e também contava várias coisas para ele. foi muito lindo ver esta relação tão amorosa. A gravidez do enzo já foi diferente, azia, naúseas, sangramento. Estava com 39 semanas e o enzo nem sinal. 40 semanas e nada. já estava angustiada, pois não queria parto induzido e muito menos uma cesária. Na manhã seguinte com 40 semanas e 1 dia, falei para minha tia, para irmos no parque barigui caminhar, pois ele tinha que nascer. caminhei todo o parque, chegamos em casa às 17:30 h, às 20 h iniciei em trabalho de parto efetivo de 5/5’. fiquei em casa controlando até as 21 h. liguei para enf. shunaida, guando chegou e avaliou estava com 7 cm de dilatação. Chegamos na maternidade as 22:15 h. na maternidade tinha opção de parto na água. coloquei para equipe que gostaria desta experiência. entrei na banheira e ali fiquei com meu marido e três enfermeiras obstetras me apoiando. às 23:00 rompeu a bolsa e às 23:17 o meu enzo nasceu, pesando 3575 g e 51 cm. Segurei-o por uns 10 minutos na água comigo. Novamente uma experiência única, gratificante e protagonista do nascimento de meu filho enzo.