Relatos de Parto (RP)

Relato da Helena



E o dia 3 de outubro passou... a ansiedade começou a bater bem forte! A obstetra do posto de saúde saiu de férias e passei a ser atendida por outra obstetra que não gostou muito da idéia de me atender e disse que eu tinha que ser atendida na maternidade. Ela me encaminhou para fazer uma cardiotoco e lá fui eu fazer...Cheguei na maternidade, fiz a cardiotoco e fiquei muito triste porque colocaram uma buzina na minha barriga para acordar o Heitor, achei um absurdo fazerem aquilo sem me avisar. Olhei com cara de assassina para a médica que na hora pediu desculpa. Ela pediu para eu voltar dali 3 dias para fazer novamente o cardiotoco... eu pensando... “3 dias?? Eu não quero ter que voltar aqui a não ser para ganhar o Heitor”. Infelizmente 3 dias depois estava eu lá na maternidade... ouvi bronca do médico porque eu deveria estar sendo atendida no posto de saúde e não na maternidade... não agüentei... comecei a chorar compulsivamente e falava –Como pode na minha última semana de gestação eu ter sido abandonada? Ficam me jogando para lá e para cá e ainda fico tomando bronca? Chorei tanto que me encaminharam para o posto de saúde do lado da maternidade. Lá me tranqüilizaram e disseram para eu voltar de tarde para fazer a cardiotoco. Encontrei minha irmã e chorei mais ainda, estava muito sensibilizada com tudo... queria que o Heitor nascesse e a pressão de todo mundo mais o abandono da obstetra me deixaram bem triste. Fui de tarde para a maternidade e lá perguntei como seria o procedimento se o Heitor completasse 41 semanas... a menina do atendimento disse que o procedimento era a indução. Perguntei para ela o que aconteceria se eu não quisesse a indução e resolvesse esperar 42 semanas, ela disse que era para eu não ir no dia 10, mas que era para eu ficar tranqüila que eles iam fazer meu bebê nascer! COMO ASSIM???? FAZER MEU BEBÊ NASCER?????????????? Essa frase criou uma ebulição de sentimentos em mim, não sabia se chorava ou se eu pulava no pescoço da desgraçada!! Só sei que eu sabia de uma coisa, NINGUÉM ia fazer meu bebê nascer... ele ia nascer na hora que ELE quisesse!! Cheguei em casa com toda essa emoção, liguei para a minha doula Patrícia e disse que iria conversar muito sério com o Heitor e que provavelmente eu iria ligar para ela naquela madrugada! Esperei dar 21h, horário em que o Heitor se mexia bastante... entrei no banho e conversei com ele... “Filho, você precisa nascer... tá tudo pronto para você! O mundo é bem legal, é colorido, não precisa ter medo! Não é possível que você queira que aquela imbecil FAÇA você nascer! Eu estou preparada, pode confiar em mim, eu sou sua mãe e estou aqui para o que der e vier. Se você quiser nascer hoje eu vou ficar muito feliz!” Só sei que o Heitor entendeu o recado, enquanto eu falava com ele já senti uma pressão diferente na virilha. Naquela madrugada do dia 6, às 1:42 eu levantei para contar as contrações, estava eufórica e mesmo sabendo que estava em estado latente eu queria contar. Fui para o chuveiro, fiquei lá 1h contando as contrações que duravam cerca de 30 segundos e aconteciam a cada 5 minutos... mas como eu desconfiei, era estagio latente, as vezes elas aconteciam a cada 3 minutos e duravam 50 segundos e depois voltava a acontecer a cada 5 minutos. Liguei para a Paty, que me instruiu a contar durante mais 1 hora e ligar outra vez para ela. Liguei novamente e ela me disse para eu tentar dormir! Fui para a cama e dormia entre as contrações, as 8 horas eu acordei, passei muito mal e o Rodrigo ficou assustado, as contrações estavam acontecendo a cada 2 minutos e ele ligou para a Paty que disse que achava melhor a gente ir para a maternidade. Eu comecei a chorar porque não queria ir para a maternidade. Nessa hora eu percebi que “ir para a maternidade” talvez se tornasse um problema. O Rodrigo ligou outra vez para a Paty porque as contrações voltaram a acontecer a cada 3 minutos e ela me perguntou o que eu preferia... eu disse que queria ficar em casa! Então a Paty resolveu vir para a minha casa. Liguei para a Carla (madrinha do Heitor) e Heloísa (minha irmã) que também foram para a minha casa. Queria muito esse momento feminino, estar rodeada de pessoas que acreditam em mim! Elas foram essenciais... Durante a minha estadia em casa eu me senti muito bem, as vezes chorava em uma contração mais forte, mas estava tudo sob controle. O processo ia e voltava. Deu 16 horas e resolvemos ir para a maternidade para pegar o turno da Adelita, enfermeira obstetra que luta muito pelo parto humanizado. Queríamos dar entrada no turno dela para ser mais fácil a entrada da Paty e do Rodrigo como acompanhantes. Chegamos na maternidade por volta das 17:30 e estava com 6 de dilatação... fiquei desanimada em saber disso porque queria chegar na maternidade só na hora H e aquela informação me deixou para baixo porque sabia que ainda tinha um longo caminho pela frente. A estadia na maternidade me travou, só olhava o relógio, queria saber com quanto de dilatação eu estava, parei de ajudar... enquanto em casa eu ficava feliz com as contrações, na maternidade eu brigava com a contração, não queria que ela acontecesse. A Paty dizia –Não briga com a dor... deixa ela vir”. Eu eu fazia tudo ao contrário! Fui para a banheira e lá pelas 22h o cansaço e a fome bateram muito forte! Principalmente a fome, sentia meu estômago roncar e não conseguia comer nada porque meu corpo expulsava tudo! Nessa hora eu comecei a chorar de decepção porque me senti incompetente... eu pensava... não estou ajudando meu filho a nascer, que tipo de mãe sou eu?? Olhei para a Paty e pedi uma analgesia... queria algo que me relaxasse... nesse momento eu pensei... se eu ficar mais relaxada o processo vai andar, de alguma forma eu sabia que eu mesma estava travando tudo! Nesse momento aconteceu algo muito engraçado porque para mim uma analgesia era “tomar um analgésico”, via oral mesmo... e fiquei muito brava com a Paty e com o Rodrigo porque eles não providenciavam o analgésico, eu pensava “–Como pode demorar tanto para conseguir um comprimido?? Eles estão me enrolando!!!”. Eu dizia para a Paty –Eu já desisti! Tô muito cansada! E a Paty dizia –Seu corpo está preparado para o que der e vier, não tem como desistir, não tem volta! E eu chorava cada vez mais e enquanto eu chorava a contração doía mais... uma fiasqueira, hehe! Tudo o que eu sabia na teoria não estava conseguindo colocar na prática... e na minha cabeça a única coisa que vinha era a hora que eu ia poder comer! Finalmente a Paty chegou com a notícia que eu ia tomar a analgesia, fui indo para uma salinha, sentei na maca e a moça me falou que ia colocar uma agulha na minha coluna e eu não podia me mexer. Eu pensei “Na coluna?? Então eu vou tomar uma anestesia!” e lá fiquei eu achando que a dor ia passar totalmente e a dor não passava totalmente e eu gritava –TÔ SENTINDO DOR AINDAAAAAAAAAAA!!!!! E aí a Paty olhou para mim e falou –Helena! Vc precisa ajudar, isso é uma analgesia, a dor não vai passar totalmente” e aí as coisas fizeram sentido... eu pensei “Então analgesia toma igual anestesia, mas é diferente” e me senti uma estúpida, ainda mais eu que conheço bastante sobre parto... acontece que eu nunca achei que ia querer qualquer intervenção, nunca me interessei em saber mais sobre a analgesia, essa não era uma opção para mim... doce ilusão! E a analgesia me deixou um pouco amortecida, mas eu sentia tudo, minhas pernas, as contrações, tudo! Queria levantar e não deixavam, aí vem o meu conselho... se você quer tomar uma analgesia, se certifique que o médico vai deixar você levantar depois, porque para mim agüentar as contrações deitada naquela maca parecia pior do que estava. Eu estava descontrolada, gritava tanto em cada contração... um grito que eu nunca imaginei que conseguia dar... e a Paty (santa paciência, heim?) dizia –Contração faz bebê nascer! Você não quer ver o Heitor? E eu só conseguia pensar em comer e em como eu estava cansada... eu estava completamente na partolândia... ouvi a Paty dizer para a moça da analgesia “–O cansaço é pior que a dor! Depois pergunta para ela...” e eu olhei para a Paty e confirmei “–O cansaço realmente é pior do que a dor!” E depois de muitos gritos a Paty perguntou para o médico... –E aí doutor, ele desceu?? O médico respondeu –Desceu bastante, já consigo ver o cabelinho dele... E nessa hora TUDO mudou!! Mudou mesmo... virou a chave para o lado que diz “MÃE”. Eu entendi o que eu estava fazendo ali, senti uma explosão de alegria, de amor, de conexão! Eu pensava “É o MEU bebê!! Ele ta ali mesmo... o médico disse que viu o cabelinho... ele daqui a pouco vai estar aqui comigo! E a pergunta da Paty fez sentido... é óbvio que eu queria ver o Heitor, fome o cacete! Comecei a fazer muita força, concentrei total, meu bebê precisava que eu fizesse força. O médico disse para mim –Vou precisar fazer uma epísio... e ele tem que nascer na próxima contração, tudo bem? Vou usar o foceps, mas só para garantir que ele nasça na próxima contração, ok? Faça força na hora que eu pedir...Eu achei meio estranho, epísio e fórceps??? O que eu estava fazendo de errado?? Como a Paty nem questionou eu fiquei tranqüila quanto a necessidade do uso, mas fiquei triste por ter tantas intervenções no meu parto...(depois a Paty me contou que era porque os batimentos cardíacos dele não estava voltando totalmente entre uma contração e outra e ele demoraria mais umas 3 contrações para nascer e o médico achou melhor ele nascer na próxima). E aí ele nasceu, 1:03 do dia 7, chorou um pouquinho, veio para o meu colo e parou de chorar... a explosão de amor ainda tava lá fazendo meu corpo todo formigar, a conexão tava feita e foi perfeita... e quando ele me olhou então, olhou no fundo do meu olho... eu tive mais do que certeza, não existe amor igual a esse, não existe nada no mundo que eu possa comparar com a emoção que eu estava sentindo! O cheiro me marcou... se eu pudesse engarrafar... um cheiro meio doce! Lembro tudo como se tivesse sido ontem... aquela mãozinha gelada... E depois disso chorei muitas vezes de lembrar do momento mais lindo desse parto e por mais que o parto não tenha sido o parto que eu sonhei, o Heitor é do jeito que eu sonhei e essa explosão de amor indescritível foi algo que eu senti que só o trabalho de parto pôde me dar... mesmo ele tendo sido meio torto!! Agradeço todo mundo que esteve comigo, que torceu por mim, mas uma coisa eu sei... o próximo vai ser domiciliar!! 
Relato da Monica

Na verdade, este relato começa com o nascimento da minha primeira filha, Olivia. Olivia nasceu de um parto normal hospitalar muito rápido, de pouco mais de 1 hora, onde ocorreram todas as intervenções possíveis (indução com ocitocina, analgesia, bolsa rompida artificialmente, fórceps de alívio, episiotomia e por aí foi). Para a consciência que eu tinha na época, foi um parto excelente e uma experiência emocionante e inesquecível. Minha pequena nasceu super saudável, mas ficou poucos minutos perto de mim no centro cirúrgico, pois foi rapidamente levada pelo pediatra enquanto eu ficava em observação em uma sala de recuperação. Nos encontramos novamente mais de duas horas depois.Quando chegamos em casa, meu marido me mostrou um vídeo que ele fez durante este tempo em que Olivia esteve longe de mim. O vídeo mostrava minha pequena, que tinha acabado de sair da minha barriga, sofrendo uma série de intervenções de todas as espécies. Pesa, mede, injeta alguma coisa, vira daqui, vira dali. Olivia estava aos berros, com os bracinhos e perninhas para o ar, tremendo, como que implorando por socorro. E eu estava só, em uma sala perto dali, sem saber o que estava acontecendo com a minha bebê. Ver aquilo foi um choque enorme para mim e explodi em lágrimas. Como aquilo podia ter acontecido? Ela devia estar comigo, mamando, e não passando por tudo isso, com estranhos, nos seus primeiros momentos de vida. Nunca mais consegui assistir a este vídeo e fico com um nó na garganta cada vez que me lembro disso. Como nada acontece por acaso, esta experiência me impulsionou a pesquisar mais sobre o nascimento e sobre a forma como os bebês são tratados quando nascem. E então um mundo novo se descortinou. Mergulhei em todos os sites que falavam sobre o assunto, li todos os livros que pude, fiz cursos e conheci pessoas (reais e virtuais) que me mostraram que o nascimento não precisa e não deve ser tratado desta forma violenta. E, mais importante, descobri que a forma como se nasce pode ser determinante para toda uma vida e, por que não, para toda a humanidade. Neste tempo de estudo, adquiri muita informação e pude entender todos os procedimentos que eu e minha pequena sofremos no parto, e percebi que o aconteceu conosco não é considerado anormal ou violento ou ruim, mas é a rotina padrão de todos os partos hospitalares (inclusive os "normais"). Além de tudo o que aprendi, fui também mudando minha consciência em relação a assuntos como a gestação, o parto e a maternidade e isto resultou em uma transformação real de hábitos e valores para mim e para a nossa família. Dividi este caminho que estava percorrendo com o meu marido e fomos moldando um novo jeito de exercer a maternidade e a paternidade (de viver, até), talvez muito diferente do que seria se isto não tivesse acontecido. Minha segunda gravidez foi muito desejada. Queria muito dar um irmão para a Olivia e também poder viver uma nova gestação de uma forma diferente e mais consciente. E posso dizer que vivi intensamente esta experiência desde a concepção da Estela. Desta vez, eu estava muito mais preocupada em estar sempre conectada com o meu bebê e comigo mesma do que com exames, rotinas médicas ou roupinhas de bebê. Eu queria viver plenamente esta gravidez. Pelo lado prático, busquei um médico que pudesse acompanhar o meu pré-natal da maneira menos intervencionista possível. Logo que descobri que estava grávida procurei o Dr. Claudio Paciornik, que desde o início foi receptivo com os meus planos de gestação e partos naturais. Disse pra ele, já na primeira consulta, que queria ter um parto em casa e que buscava um médico que, se não fosse me ajudar com isso, que ao menos não me atrapalhasse (hehehe). O Claudio sempre foi muito atencioso com todas as minhas vontades e sempre respeitou minhas decisões, como fazer o mínimo possível de ultra-sons (foram apenas dois, um na 13a. semana e outro na 22a.). Conversávamos muito durante as consultas mas eu ainda não tinha me planejado sobre como seria meu parto domiciliar. Participei dos encontros de gestantes do Aoba durante toda a gravidez e, num desses encontros, a Luciana (que é doula e coordenadora do Espaço) me indicou a Adelita, uma enfermeira obstétrica que atende partos domiciliares aqui em Curitiba. Liguei para a Adelita e ela veio até nossa casa para conversarmos melhor. Foi empatia à primeira vista! Além de ser super qualificada, Adelita se mostrou totalmente sintonizada com as razões de escolhermos um parto em casa e nos explicou com muita clareza como tudo poderia acontecer. Também nos avisou que, provavelmente estaria em uma viagem no período do nascimento da Estela, mas nos tranqüilizou contando que ela trabalha em um grupo de três parteiras e que elas se revezam, caso alguma não estejam presente. Depois disso, conhecemos a Maria Rita e a Aline e a sintonia foi a mesma. Tínhamos encontrado nossas parteiras! A partir da 36a. semana começamos o pré-natal com elas, que vinham à nossa casa uma vez por semana para escutar o coração do bebe, checar se a gestação estava correndo bem e saudável e, principalmente, para conversarmos sobre a gravidez e planejarmos o parto. Adorava as visitas de pré-natal, pois era um evento em que toda a nossa família participava. Adorava ver minha pequena Olivia, então com 2 anos, usando o estetoscópio para ouvir o coração da irmã. Meu marido podia tirar todas as suas dúvidas e, tomando um prato de sopa juntos, conversávamos sobre o parto. Me senti super à vontade para colocar todos os meus desejos e restrições e discutimos juntos todos os detalhes. A visita mais incrível foi quando fizemos um "ultra-som" colorido da Estela, uma linda pintura na minha barriga que rendeu fotos incríveis!No dia 26 de junho de 2011, Maria Rita e Aline vieram até a nossa casa para mais uma consulta. Contei a elas que estava com muitas contrações, mas sempre fora de ritmo. Elas vinham e iam, alguns dias mais e outros menos. Tinha certeza que já estava com alguma dilatação, mas preferimos esperar uns dias para ter certeza disso, já que a minha aposta era de que Estela chegaria na próxima virada da Lua Nova, no dia 01 de julho. Maria Rita fez alguns exercícios comigo para alongamento usando um reboso e o Cris ajudou com uma massagem nas costas. Elas saíram de casa no início da noite e eu fui jantar e acomodar a Olivia para dormir. Estava insone e não conseguia relaxar de jeito nenhum. Comecei a me sentir insegura sobre como seria minha vida com duas crianças, preocupada em como poderia dar atenção para duas pequeninas e acabei indo para o sofá da sala para tentar dormir. O reboso que a Maria Rita usou ainda estava sobre o sofá e fazia muito frio de madrugada. Então me enrolei nele e decidi que não ficaria mais insegura, pois eu sou a mãe dessas pequenas e saberia como fazer para dar o meu melhor para elas. Finalmente dormi. Acordei um pouco antes das 7h sentindo uma dorzinha diferente. O Cris chegou na sala logo em seguida e deitou do meu lado. Comentei com ele que estava com uma cólica esquisita e que estava um pouco ansiosa para terminar de arrumar as coisas para a chegada da Estela, pois faltava menos de uma semana. Ele prometeu me ajudar no que precisasse e dividimos tarefas. As cólicas continuaram e comecei a perceber que elas vinham e iam em intervalos freqüentes, de mais ou menos 20 minutos cada. Passei a manhã toda assim e resolvi então agilizar as coisas. Eu e a Su, uma querida ajudante que trabalha em nossa casa há algum tempo, finalmente arrumamos as roupinhas da Estela no armário e deixamos suas coisinhas prontas para quando chegasse. Durante o almoço comentei com o Cris que as cólicas estavam mais freqüentes e resolvemos marcar os intervalos. Estavam de 10 em 10 minutos. Eu ainda não achava que poderia ser o trabalho de parto pois, apesar de super ritmadas, as contrações eram perfeitamente suportáveis e a sensação sumia totalmente nos intervalos, quando eu ficava muito bem. A tarde correu normalmente e tirei um cochilo com a Olivia depois do almoço. Apesar das contrações continuarem no ritmo e com sensações cada vez mais intensas, consegui descansar bastante e acordei com vontade de comer um doce. Resolvemos fazer brigadeiro para comer de colher e a Olivia se divertiu bastante com a sua panelinha. Respirava entre as contrações enquanto comia uma colher de brigadeiro, hehehe. Aproveitei também para fazer um creme de Aromaterapia para o parto, com óleos essenciais de Lavanda e Jasmim. Minha mãe passou em casa e eu tentei disfarçar o que estava acontecendo, pois não queria avisar ninguém para que não ficassem preocupados. Esta foi a parte difícil pois é quase impossível enganar sua própria mãe (ela me disse: "tô achando você meio arriadinha hoje…"), hahahahahaha. Ela foi embora desconfiada e então eu resolvi sentar na bola, pois a sensação das contrações já era bastante intensa e os intervalos estavam cada vez menores. A Su iria embora às 18h e então eu percebi que não tinha condições de ficar sozinha com a Olivia. Liguei pro Cris e pedi que ele viesse mais cedo pra casa. Mesmo assim, ainda não acreditava que estava em trabalho de parto e, apesar da Su ter insistido em ficar, pedi a ela que fosse pra casa pois eu achava que ainda podia ficar com aquelas "cólicas" mais uns dias. Quando o Cris chegou eu estava brincando com a Olivia, mas as contrações já estavam bem fortes, com intervalos de 5 em 5 minutos. Resolvi esquentar a sopa para nós jantarmos mas já não consegui comer, pois precisava me movimentar para aliviar a dor. Andava bastante pela casa e me ajoelhava ou acocorava quando as contrações chegavam. Resolvi então ligar para a Maria Rita para avisar que "talvez" eu fosse precisar delas durante aquela madrugada. O Cris ficou um pouco nervoso e acabamos passando esta ansiedade para a Olivia, que começou a ficar um pouco assustada. Então o Cris ligou pra Su e pediu que ela voltasse para ficar com a pequena, conforme tínhamos combinado. Deitei do lado da Olivia e contei uma historinha para que ela se acalmasse e ela ficou tranqüila de novo, mas eu já sentia muita dor e não conseguia ficar deitada. Então a Maria Rita me ligou de novo e, durante os poucos minutos que falamos no telefone, tive três contrações muito fortes e nem conseguia falar com ela. Ela me disse que estava vindo pra minha casa e falou pra eu entrar no chuveiro com a bola, para tentar aliviar a dor. Acho que só quando ela me falou no telefone: "Você está em trabalho de parto" é que caiu minha ficha de que esta seria A noite. Fui então para o chuveiro e pedi ao Cris que ficasse com a Olivia e não se preocupasse comigo pois, apesar das dores, eu estava bem e o chuveiro era muito relaxante. Fiquei quase uma hora deixando a água cair sobre as minhas costas e, a cada contração, me ajoelhava sobre a bola e gemia, o que também me ajudava bastante a relaxar. Durante este tempo, a Su chegou e foi fazer a Olivia dormir e, em seguida, o Cris entrou no banheiro com a Maria Rita. Fazia poucos minutos que eu tinha me cansado no chuveiro e decidido sair. Acontece que as contrações estavam realmente fortes e freqüentes e eu já não conseguia mais ficar em pé. Fiquei em quatro apoios sobre o tapete do banheiro e o Cris e a Maria Rita me ajudaram a vestir uma blusa para que eu fosse para o quarto. Maria Rita sugeriu fazermos um toque mas eu disse a ela: "Não vamos fazer isso… Se você me disser que eu estou com 3 centímetros acho que eu morro". Estava realmente impressionada com a intensidade da dor que eu sentia mas como, ao mesmo tempo, ela era perfeitamente suportável se eu deixasse o corpo falar e agir. Procurava apenas seguir os sinais do meu corpo e deixar tudo acontecer. Aliás, senti que não tinha alternativa e que este era o único jeito de passar por aquilo. Chegando no quarto, o Cris já tinha arrumado tudo conforme eu tinha pedido enquanto estava no chuveiro (edredom grande no chão, lençol descartável por cima, aquecedor ligado e as toalhas brancas por perto). Voltei aos quatro apoios sobre o edredom no chão enquanto a Maria Rita fazia uma massagem nas minhas costas e barriga com o creme de óleos essenciais. A cada contração eu me agarrava no Cris e soltava uma grande "Aaaahhhhh", que me ajudava a passar por elas. Durante uma contração bem forte a bolsa rompeu e senti aquele líquido quente caindo e escorrendo pelas minhas pernas. A Aline chegou logo após e se preparou para receber minha bebê, pois já estava no expulsivo. Para mim, esta foi a fase mais interessante do parto. Durante as contrações eu ficava de joelhos e, assim, sentia Estela descer cada vez mais e se encaixar no canal de parto. É impressionante como a percepção do corpo do bebê é nítida! Ela ia descendo e senti sua cabeça coroar. Foi então que eu disse: "Ela já está aqui!" e coloquei minha mão sobre sua cabecinha, sentindo seus cabelinhos. Nesta hora, sentia muita dor e também muita ardência, o tal círculo de fogo, mas me entreguei à sensação. Na verdade, percebi que eu não estava fazendo nada, mas que o parto simplesmente estava acontecendo a partir de uma ação espontânea do meu corpo. Me sentia mesmo como uma ursa, de joelhos, colocando meu bebê para fora do meu corpo. Eu me movimentava, emitia sons, abria muito minha boca e meus olhos, mas parecia que tudo acontecia sozinho, independente da minha vontade. Deixei tudo acontecer, não me preocupei em fazer nada e não tive medo. Mais uma contração forte e de joelhos e a cabeça saiu. Na próxima contração senti seu corpinho escorregar para fora, o que foi até gostoso. Nesta hora, o Cris já estava atrás de mim e, junto com a Aline, recebeu nossa filha em seus braços. Estela nasceu às 21h56 do dia 27 de junho de 2011, a noite mais fria dos últimos 11 anos em Curitiba. As dores cessaram instantaneamente e o Cris entregou nossa pequenina para mim. Não sei descrever o que eu sentia neste momento, pois conhecer minha pequena depois de tudo isso era uma mistura de algo forte e poderoso com uma sensação doce e singela, natural. Sentei sobre o edredom e coloquei ela no peito. Ela tinha os olhinhos bem abertos e, antes de mamar, olhava com atenção para a gente. Logo soltou seu primeiro chorinho e então mamou com vontade, sabendo o que estava fazendo. Ficamos todos ali durante muito tempo, na penumbra, vivendo aquele momento mágico. Depois de uma hora e meia resolvemos dequitar a placenta pois eu já estava cansada de sentir dores e ela estava presa por uma membrana, demorando muito para sair. Então o Cris cortou o cordão, que já não pulsava há tempos, e a Maria Rita e a Aline pegaram a Estela para pesar e medir. Quanta diferença do tratamento dado no nascimento da Olivia! Estela ficou o tempo todo comigo, no quarto escurinho e quentinho, e foi delicadamente pesada e medida ("sem esticar muito", conforme eu pedi, hehehehe). A Aline revisou o períneo e viu uma pequena laceração, mas decidimos nem dar ponto pois não estava sangrando. Estela caiu em um sono profundo e então eu fui esquentar uma sopa para todos. Me sentia ótima e absurdamente feliz com tudo o que tinha acontecido.  Nossas parteiras deixaram nossa casa por volta das 2h da madrugada e eu tomei um banho e fui deitar com a Estela e com o Cris, no quarto em que ela nasceu. Mas o melhor de tudo ainda estava por vir. O que aconteceu depois do parto foi algo realmente mágico. Na manhã seguinte, Olivia acordou e veio conhecer a irmãzinha. Ela ficou encantada e ficamos os quatro, no quartinho delas, curtindo nossa família que acabava de aumentar. O clima que ficou em nossa casa durante muitos dias era de uma paz absoluta. Me sentia em plena lua de mel, daquelas que você não quer que acabe nunca. Não sei explicar direito como foi tudo isso, mas parece que estávamos dentro de uma nuvem maravilhosa por mais de uma semana, com muito amor e delicadeza. Todos os que chegavam eram contagiados por isto e tomo o cuidado para nunca me esquecer desta sensação e para tentar reavivá-la sempre entre nós. Esta foi a luz que a nossa Estrelinha nos trouxe quando nasceu em nossa casa, recebida pelas mãos de seu pai, acolhida por sua mãe e muito festejada por sua irmãzinha.


Relato da Paty e Marlon

RELATO DE NASCIMENTO DE ELEONORA (LOLA) – QUE VEIO TRAZER MAIS LUZ PRAS NOSSAS VIDAS
Não foi uma gestação fácil: contrações passaram a fazer parte do meu dia a dia desde as 18 semanas. Sentia muito enjôo, daqueles de amanhecer abraçada ao vaso. Cólicas e episódios de sangramento.
Quando estava com 22 semanas meu marido foi hospitalizado: 30 horas de UTI e mais 3 dias de internamento.
Se na gestação da Bea eu sentia medo de tudo e na do Vicente não tinha medo de qualquer coisa e a certeza de que tudo daria certo, nesta meus sentimentos oscilavam: ora sabia que estava tudo bem, mas ora pensava na possibilidade de algo dar errado. Era um medo sem qualquer motivo, talvez o medo de não dar conta, pois afinal três crianças em casa não me parecia nada fácil.
Com 32 semanas passei horas com contrações doloridas. Era domingo para segunda. Após 5 horas com contrações que duravam quase um minuto e algumas com intervalo de 2 minutos resolvi ir pra maternidade com medo de trabalho de parto prematuro. Lá chegando fui examinada por GO de plantão. Colo fechado, sem qualquer sinal de esvaecimento. Tomei um soro pra hidratar e passar a dor e fui para casa. Passei uns três dias de repouso. Estava tudo bem.
Diante do fato de estar tudo bem fisicamente, mas das contrações continuarem (doloridas e fortes) decidi procurar uma terapeuta, que me ajudou muito.
Abri espaço na minha vida para mais este bebê, que veio sem avisar, mas que fazia uma festa dentro de mim. Lola mexia muito, como nenhum dos dois havia mexido antes. Eram “mexidas” fortes e ao contrário dos dois irmãos, era um bebê grande, com peso acima da média. Talvez por esse motivo eu tinha a idéia de que nasceria antes. Comecei a preparar as coisas pra sua chegada e isso me aliviava as contrações.
Desejava muito que Lola nascesse em casa, na água. Na casa da minha sogra, que é como uma mãe, aliás, é quem nos socorre quando precisamos, quem está sempre ao nosso lado, quem se preocupa conosco.
Minha meta era chegar às 37 semanas, porque assim Lola poderia nascer em casa. Ainda, tinha um parto para acompanhar antes dela nascer, da minha doulanda e amiga Camila, que gestava Felipe, quem eu já havia acompanhado em fevereiro de 2009 no nascimento do primeiro filho Leonardo. Sempre falava pra Lola que ela só poderia nascer depois do Felipe. E que eu queria muito passar mais um Natal e Ano Novo grávida, rsrs.
Felipe nasceu no dia 04 de janeiro. Num parto lindo. Fiquei muito feliz por poder novamente acompanhar minha amiga Camila e participar deste momento tão sagrado.
O “melhor” foi quando estava indo pra Maternidade com ela e ela dizendo pra mim que logo, logo eu ia ver como doía sentir contração, rsrs.
Passamos das 37 semanas e pela primeira vez esperei por um bebê, sim, porque antes disso estamos fazendo um bebê e não esperando.
Combinei com minha amiga e parteira Adelita de fazermos uma pintura na barriga e uma belly cast (máscara de gesso) e foi um momento muito gostoso.
Aos poucos fui me despedindo do meu estado de grávida – amo estar grávida – e imaginando Lola do lado de fora.
Ficava pensando quando seria o dia. O mágico do parto é que num dia estamos grávida e no outro com um bebezinho no colo.
Na quarta-feira dia 12 de janeiro, pela primeira vez – não aconteceu nas minhas gestações anteriores – perdi o tampão mucoso. Fiquei na expectativa se a grande hora estava próxima, mas além das contrações que já me acompanhavam a muito, nada aconteceu.
Desta vez eu queria muito mais que um parto domiciliar e natural, eu queria um parto consciente. Eu queria sentir meu corpo trabalhando e saber o que estava acontecendo, seguir meus instintos. Não me perder na dor e me sentir em trabalho de parto apenas no momento em que fosse impossível ignorá-lo.
Na sexta-feira dia 14 de janeiro resolvi fazer um jantar pros dindos da Lola. Estava muito gostoso, criançada correndo (6 no total) e conversa rolando solta. Saíram de minha casa às 2 da manhã, fui dormir às 3 e pensei que não seria muito bom entrar em TP naquele dia pois certamente estaria muito cansada. Lembro que na sexta-feira à tarde conversei com Eleonora e pela primeira vez desejei de verdade que ela nascesse. Já estava com vontade de conhecer aquele bebezinho que me habitava há quase 39 semanas. O jantar foi como uma alegre despedida.
Às 5:30hs da manhã me liga uma gestante em trabalho de parto. Ficamos em contato por telefone e às 8 da manhã a encontrei no hospital. João nasceu às 11:37hs. Segundo menino a nascer na água. Pensei que dia 15 era um lindo dia pra se nascer, pena que Lola não nasceria naquele dia, eu achava, já que não havia qualquer sinal.
Liguei pro meu marido e almoçamos na feirinha comida mineira que eu amo. A dona da barraquinha perguntou pra quando era o bebê e eu respondi pra qualquer hora, poderia até ser naquele mesmo dia, e rimos.
Fomos pra casa e minha filha Beatriz ia ao cinema com nossa amiga Marilza, uma das dindas da Lola. Eu estava muito cansada pra acompanhá-las. Arrumamos a pequena e ela foi.
Por volta das 16 horas, meu filho Vicente dormiu. Eu estava andando pela sala quando senti um “creck” seguido de uma contração muito forte e com muita pressão. Corri pro banheiro e sentei-me no vaso. Fiz um auto-toque. Senti a bolsa d’água bem protusa e tinha certeza que logo romperia. Estava perdendo bastante muco.
Resolvi tomar um banho bem quentinho e relaxante. Durante o banho senti mais algumas contrações fortes e com bastante pressão, mas não fiquei marcando o tempo. Fiquei de cócoras quando elas vinham. Cantei pra minha pequena, disse a ela que havia chegado a hora e que eu estava pronta e que faríamos um lindo trabalho juntas, o primeiro de muitos. Eram 16:20hs.
Saí do banho e senti a bolsa romper seguido do cheiro inconfundível de líquido amniótico. Uma alegria imensa tomou conta de mim. Liguei pro meu marido e avisei que havia chegado a hora.
Liguei pro Carlos, meu amigo e obstetra e pra Adelita, minha amiga e enfermeira obstetra - parteira, que me acompanhariam no nascimento da Lola, avisando que a bolsa havia rompido, mas que ainda não estava em trabalho de parto e que íamos nos falando.
Comecei a sentir contrações bem doloridas, com bastante pressão, mas bem irregulares. Aproveitei pra arrumar a casa, as roupas das crianças, ver quem poderia ficar com elas. Ligamos para meus sogros que estavam na Ilha do Mel e eles em poucos minutos estavam no barco a caminho de Curitiba.
As dindas da Lola chegaram a minha casa e fiquei totalmente tranqüila com relação as crianças. Bea ficou dividida com quem iria ficar e se ia ou não conosco para o parto da Lola, mas deixei que ela decidisse e ela decidiu ficar em casa com o irmão à espera da maninha que não demoraria a nascer.
As contrações continuaram fortes e ainda irregulares, mas comecei a sentir necessidade de ficar sozinha. Peguei tudo o que precisávamos e fomos para casa dos meus sogros, mas antes paramos na panificadora e eu consegui comprar o mundo, já que imaginava que Lola nasceria apenas pela manhã e precisaríamos nos alimentar durante a madrugada. O mais engraçado é que as contrações estavam presentes e fortes e nós bem tranqüilos na fila.
Chegamos a casa (dos sogros) e a prefeitura havia cortado algumas árvores do bosque ao lado e os galhos impediam a entrada do carro na garagem. Nisso meus sogros chegaram da praia e meu sogro ajudou meu marido a tirar os galhos enquanto minha sogra foi conferir se estava tudo ok com a banheira para o parto.
Foi muito gostoso encontrá-los. Meu sogro fez um mate (chimarrão) para mim. Eu entre uma contração e outra tomava um mate e organizava alguma coisa.
Adelita chegou e se juntou a nós nesta grande festa.
Meus sogros foram embora (para minha casa ficar com as crianças e na expectativa da chegada da segunda menininha da família). Eram 21:45hs e a Adelita fez um toque e eu estava com 5-6cm, colo fino, centralizado e Lola ainda bem alta. Avisamos o Carlos que disse que logo viria nos encontrar – apesar de eu achar que ainda tínhamos longas horas pela frente. Desanimei, pois não me importava que a dilatação fosse pouca, mas eu queria um bebê baixinho. Falei isso pra Ade e ela me disse pra não me preocupar porque Lola desceria rápido como um parafuso, rs.
Resolvi desencanar e relaxar. Ade propôs um relaxamento com o rebozzo e foi muito maravilhoso. Amei sentir meu corpo sendo balançado e “espremido”. Marlon participou desse ritual maravilhoso. Comecei a sentir contrações mais fortes e freqüentes, acho que estava mesmo precisando relaxar pro trabalho de parto começar.
Senti o primeiro puxo, levantei, desci as escadas e corri sentar no vaso. Fiz força, impossível não fazer. Senti que tudo estava diferente. Ao mesmo tempo, Carlos tocou a campainha. Chegou junto com meu primeiro puxo. Ade pediu pra tocar – 8cm e Lola havia descido (plano 0 de De Lee). Imaginei que ainda tinha algumas horas pela frente, mas estava pronta pro tempo que fosse.
O telefone não parava de tocar e isso me irritou um pouco. Corri pra atender, mas parou antes que eu chegasse.
Entrei no chuveiro e outro puxo. Fiquei lá tomando um banho bem quentinho e cada vez as contrações eram mais fortes. A banheira começou a encher e enquanto isso eu aproveitava o chuveiro.
Conversamos entre os intervalos, até que eu me toquei e senti a cabeça da Lola. Pedi pro Carlos tocar e confirmar se era. Estava com 9 de dilatação e Lola baixa.
Comecei a sentir cada vez mais vontade de empurrar, na verdade não era vontade, mas necessidade. Era o que chamam de “reflexo de ejeção”.
No intervalo entre as contrações (1 minuto) conseguíamos conversar. A cada contração eu me concentrava, respirava, vocalizava e relaxava meu corpo pra não fazer força. Alias meu único desejo para o parto da Lola era estar consciente o tempo todo e não me perder na dor.
Em determinado momento Marlon quis entrar na água e eu “corri” com ele dali, rs. Mas, ele foi paciente e assim que eu permiti entrou na banheira comigo e então eu me apoiei nele e relaxei o corpo todo. Foi ótimo. Era o que faltava pra que Lola nascesse.
A cada contração sentia ela descer mais. Impressionante como é possível sentir isso nitidamente. Cada vez mais pressão e sentindo que minha filhinha queria vir pra nós. Toquei e senti ela no canal, perguntei que horas eram: 23:13hs, perguntei se nasceria aquele dia. Queria que ela nascesse aquele dia.
Então, senti-a coroar, relaxei o corpo e me concentrei pra não fazer força, pois a contração já era forte e queria que ela nascesse suave. Senti o círculo de fogo e Carlos protegeu meu períneo pra não lacerar. Senti os cabelinhos dela e meu marido também quis sentir.
Passou a contração e eu relaxei meu corpo e respirei, veio outra e a cabecinha começou a sair. Novamente me concentrei pra não fazer força e vocalizei.
Fiquei durante todo o tempo com a mão na sua cabecinha e vocalizava durante as contrações.
Mais uma contração e a cabecinha dela estava quase toda de fora. Acariciei. Senti-a mexer. Mais uma contração e senti a mãozinha da minha pequenina filha que me procurou e segurou meu dedo e assim, segura, na próxima contração, mergulhou pra sua vida aqui fora.
Peguei-a e a trouxe para meu colo, ajudada pelo meu marido.
Ela apenas tossiu e nos olhou com seus olhinhos curiosos, não chorou, apenas corou. Linda e perfeita!
Neste instante o tempo parou. Eu tinha conseguido outra vez, e lá estava minha menina cheia de luz no meu colo. Eram 23:20hs, apenas 50 minutos após o meu trabalho de parto engrenar.
Ficamos na banheira e quando o cordão parou de pulsar Marlon cortou, num ato simbólico de que agora éramos duas.
Continuamos na água namorando nossa pequena e logo a placenta dequitou e então cerca de 20 minutos após Lola nascer saímos da água e fui para cama para verificar o períneo. Não houve qualquer laceração.
Lola começou a procurar o peito e mamou. Coisa mais linda, com uma pega perfeita.
Tempo depois levantei e fui pro banho. Aproveitamos pra pesar a pequena: 3.650grs.
Meus outros dois filhos, Beatriz e Vicente, chegaram junto com meus sogros e meus amigos Arizoê e Neruda, dindos da Lola e então foi só festa.
Ficamos na mesa, lanchando até às 4:00hs da manhã. E depois dormimos, uma nova família, completa, com a chegada da caçulinha.
Foi um parto maravilhoso e perfeito. Totalmente consciente. Em nenhum momento me perdi na dor. Sabia que a cada contração minha filha estava mais próxima do meu colo e focava no quanto eu queria pari-la naturalmente, sem qualquer intervenção e sem me perder no processo.
Entendo que quem faz o parto é a mulher e eu fiz meu parto, eu pari minha filha, mas só foi tranqüilo porque estava acompanhada de três pessoas incríveis e imprescindíveis nesse processo:
- Meu marido Marlon, amor, amigo, companheiro de uma vida, pai maravilhoso, que estava comigo incondicionalmente e sonhou meu sonho de parir nossa pequena na água, no aconchego do lar;
- Meu amigo e obstetra Carlos Miner, companheiro de muitos partos, que me apoiou, acompanhou e assistiu durante toda a gestação e parto, trazendo a segurança e paz necessárias para que eu confiasse e me entregasse nessa grande, incrível e maravilhosa aventura que é parir;
- Minha amiga parteira Adelita, que com sua suavidade, carinho, amizade, curtiu comigo a barriga e me apoiou durante a gestação e parto e acreditou que eu podia e que seria tranqüilo, me passando muita confiança e tranqüilidade.
Aos três minha eterna gratidão e amor! Sem vocês não seria perfeito.
Ainda, agradeço todo o apoio dos meus sogros, que foi essencial. Entenderam o quanto era importante pra mim parir a pequena na casa deles, cuidaram das crianças e comemoram conosco. E também meus amigos Arizoê, Neruda, Evans e Marilza, dindos da Lola, que nos ajudaram com o trabalho e as crianças. A todos meu agradecimento com muito carinho. Vocês fazem parte da linda historia do nascimento da Lola.
Hoje, olhando minha filhinha, compreendo a sensação de família completa quando olhamos para nossos filhos e decidimos que teríamos apenas eles - Bea e Vicente: Lola já estava conosco, em meu ventre, trazendo mais luz para nossas vidas! Patricia Bortolotto
* O esposo - A correria (rsss) começou às 16h25 quando rompeu a bolsa. Como não consegui cancelar os ensaios tinha que achar alguém pra ficar no estúdio (sobrou pro futuro padrinho da Eleonora rsss). As crianças ficaram com a madrinha da Lola em casa. O pai e a mãe nunca voltaram tão rápido da Ilha do Mel quanto dessa vez. Depois de tudo ajeitado por aqui fomos para a casa do pai. Passamos antes numa panificadora e compramos muuuuiiiiitttttaaa comida (lanches) pois nossa experiência dizia que o parto seria longo e que somente pela madrugada é que nasceria. Quando a enfermeira-obstetra (Adelita) chegou estava tudo arrumado e nós tomando um chimarrão com o pai. Pedimos uma pizza e nessa hora meus pais foram embora. Vieram aqui para casa ajudar meus cumpadres a cuidar das crianças. Pra Paty foi pra minha mãe ficar longe kkkkkkkk!!! Nisso as contrações se intensificaram, daí a Adelita sugeriu delas fazerem uma "massagem/alongamento" relaxante. Eu aproveitei para comer pois não comia desde o almoço. As 22h30 a Paty "correu" pro banheiro numa sucessão de contrações... foi quando o obstetra(Carlos) chegou. Quando chegamos no banheiro ela já estava debaixo do chuveiro e enchendo a banheira. Nesse momento fiquei nos bastidores, buscanco coisas, fotos, fimadora, atendendo telefone e depois o deixando desligado, etc.
Num certo momento cheguei perto da Paty bem na hora de uma forte contração... Toquei nela e perguntei se ela queria que eu também entrasse na banheira... Ela só berrou: - NÃO ME TOQUE, NÃO QUERO NINGUÉM AQUI DENTRO! (ou algo parecido kkk) Fiquei de pé ao lado tentando conversar com Adelila e Carlos até que a Adelita me perguntou se eu não queria entrar na banheira. Contei o que aconteceu meio rindo; não vou tentar interpretar a cara dela (rsss). Depois de um tempo a Paty comentou que achava que a Lola já estava lá embaixo, daí corri pro quarto colocar uma sunga e quando voltei sugeri de eu entrar e sentar atrás dela para ela poder relaxar. UFA, ela deixou! Nos acomodamos, quer dizer, tentei deixá-la confortável pois tinha uma peça de saída de água cravando nas minhas costas. Contração após contração e ela dizendo o que estava acontecendo. Ela disse que com o dedo sentia os cabelinhos da Lola... também toquei: é muito emocionante sentir ela lá, realmente dava para sentir que ela estava chegando. Não sei dizer mais quantas contrações muito fortes ela teve, mas a Paty conseguiu se controlar e não fazer força...
Quando olhei novamente ví o cabelinho e uma mãozinha que parecia procurar a mão da Paty: NASCEU!!!! 23h20. A Paty pegou pelo corpinho e eu apoiei por baixo pelo popozinho até deitá-la no peito da Paty. Ficamos ali um tempo, com ela coberta por um paninho úmido. O Carlos, excepcional, soube esperar que a Paty "autorizasse" o corte do cordão. Ele preparou e deixou que eu cortasse. Depois, na cama, eles a pesaram: 3.750g. (49cm)
Um parto abençoado, lindo, respeitado em tudo o que precisa: os desejos e necessidades da mãe. Agradecido é o mínimo que sinto sobre a participação da Adelita e do Carlos.Digo abençoado pois bem na hora do nascimento estavam as crianças, aqui em casa, pulando na cama e gritando: Lola dia 15, Lola dia 15, Lola dia 15...
Na cabeceira da nossa cama tem uma imagem de Nossa Senhora! Bjs Marlon Bortolotto

Relato da Fran


Sobre o meu relato de parto, meu VBAC (vaginal birth after cesarean) ou PNAC (parto normal após cesárea), algumas pessoas podem gostar (até "invejar") já outras podem se decepcionar, não sei, vamos ver. É um relato simples, sem 'nhenhenhe' e sem muitas voltas. Sou uma pessoa simples e prática e muuuito paciente, deixo as coisas se desenrolarem seguindo o seu caminho, não conto muito com os detalhes quando muita coisa muda no meio e toma outro rumo. Quando algo é desconhecido para mim procuro não idealizar muito, busco a lógica e relaxo. Eu faço o meu possível, dou o meu melhor.... até os exatos momentos eu seguia minha rotina firme e tranquila...
O Dia P
Exatamente às 6:10 da manhã (dia 19 de julho, numa segunda-feira) senti um 'ploc' interno da cabeça do bebê dando sua última ajeitada lá dentro, lá embaixo. Foi como que se tivesse escorrido para baixo e ao mesmo tempo tirado o vácuo que existia. E exatamente 3 minutos depois senti uma contração. Não houve contração para um bolo, para a barriga de gesso, para esperar muito para chamar a doula. A cada 3 minutos eu me concentrava para uma contração e me preparava para equipar e ficar ali mesmo no quarto. Foi de joelhos 'aos pés' da cama que recebi o telefone (dado pelo maridão Mora) e chamei a doula que 'me escolheu' para me ajudar. Foi com um apoio de mãe e marido que consegui fazer algumas coisas. Foi com o apoio da doula que fui tentando drilblar todo o resto até chegar na minha última opção de relaxamento: a banheira. Antes de pensar em banheira e pouco depois de chamar a doula eu já estava com 5 cm de dilatação. O Maurício perdeu seu compromisso e passou a segunda em casa cuidando de nosso primeiro fruto, apreensivo com a caída (que não acontecia logo) do segundo.
Em Casa
Os meninos (meus 2 irmãos) ficaram recuados na sala de tv, bem quietos e tratando do Sr. Benjamim com todo o carinho. Depois marido ficou com ele e assim permaneceu até dormirem (os 2 - pai e filho) por lá mesmo na sala. Tio Cido (o paidrasto amado) permaneceu o tempo todo em seu canto como sempre e a postos para qualquer favor. Mami entrava toda hora no quarto - uma vez com canja vegetariana, outra com vitaminas C, até mesmo com prendedores de cabelos, mas na maioria das vezes com água quente para a banheira (uma piscina oval inflável).
5 cm
Já era de madrugada, eu perdia um líquido verde claro que no começo garantia ser o tampão, pois era viscoso e gelatinoso e todo esse 'oso' que nos dá esta certeza. Mas após a insistência desse líquido, sempre acompanhado de xixi porque a cada contração eu me sentia melhor passá-la com uma toalha debaixo do períneo (fosse até mesmo na banheira), nós chegamos a pensar no rompimento da bolsa e no "mecônio" (primeiro cocô do bebê feito ainda dentro do útero), e então ficamos de olho caso precisasse ir para a maternidade. Esta minha segunda experiência com contrações foi diferente: bem ritmadas, intensa e abri os 5 cm muito rápido (já havia demorado da primeira vez para chegar até ali). Porém desta vez sentia um 'revertério' estomacal a cada e qualquer coisa que engolia após uma contração forte, com isso desde aquela 6 horas da manhã nada parava no estômago. Mais de 20 horas sem comer as contrações já me desmontavam, bambiavam minhas pernas e me deixavam despreparadas para a próxima. Doula preferiu (sim ela era a minha consciência para tudo nesta hora) e me levou para a maternidade, já estava dentro da situação: bolsa rota-estourada (vai saber se e desde quando?), presença de mecônio, 20 horas sem comer e muito tempo já sem se abrir.
Vamos ser sinceros em dizer que não viria evolução.
Na Maternidade
Aquela judiaria de começo com a entrada, certos papéis, alguns exames para fazer...Então confirmamos os 5 cm (mas o colo era fino e estava evoluindo bem), confirmamos o mecônio (mas era fraquinho e estava sob cuidado), mas não confirmamos a bolsa rota e nem sabemos (nem os médicos) qual foi a hora em que ela rompeu e eu creio absolutamente que fui perdendo o líquido aos poucos.Eu estava muito fraca (apelido) mas não parava de "sonhar" (literalmente) com o parto normal. Com uma maternidade totalmente humanizada, onde a episiotomia (o corte, o pic), as intervenções e a cesárea são divulgadas como somente feitas se realmente necessárias, eu só poderia continuar confiando no parto normal/o mais natural possível, estava me esforçando.
Parto Sem Dor
Confessei meu desejo de parto para o doutor e fui muito bem atentida, fizeram o que podiam. Recebi uma analgesia considerada uma das melhores e menos invaziva (corporal) que poderia receber, sentia as contrações bem fraquinhas, ganhei forças, tomei muito suco, respirei, me exercitei e abri. Conheci a Adelita (enfermeira obstetra humanizada que realiza partos domiciliares - parteira- juntamente com sua equipe), sonhamos juntas, tentamos banquinho, cavalinho e até cócoras mas foi deitada em quatro apoios (genupeitoral), ali mesmo na famosa cama PPP (pré, parto e pós), que comecei a expulsar o bebê. Eu era a última do dia, a aguardada. As pessoas que me rodeiavam eram todas queridas, já conheciam a minha história, me apoiavam e me ensinavam a empurrar. E eu estava fazendo certo, eu empurrava certo, dava o meu melhor para todas as dicas. Mami estava lá, lá atrás, atrás de mim... sim no popô (ohhh). Havia uma borda de colo (de útero) na parte da frente (frontal aos pequenos lábios) e eu senti vontade de segurar ali para facilitar a saída da cabeça. Me lembro que fiz muuuita força, daquelas fenomenal mesmo. Maurício querido foi em busca de nossos sonhos materiais, eram inadiáveis. Acompanhou tudo a distância e hoje compensa com todo o seu apoio em casa.
Pós-Parto
Eu não havia recebido corte e também não ganhei pontos no períneo, ele permaneceu íntegro até o fim. Achei incrível todo o processo pós-parto ao olhar aquele bebezinho tão pequeno mas tão grande para isso. Muitas são as coisas que aconteceram, muitas são as coisas que Adelita (amada) fez por mim, obrigada. Obrigada a todos! Mami trouxe a placenta para casa e está ali no freezer esperando sua árvore.
O Baby
Quando apertei realmente facilitou e saiu rapidinho. Vimos que era uma meninA, mami se emocionou demais, pediram (enfermeiras) para clampiar e cortar breve pois o nenem com certeza havia respirado mecônio e precisava ser visto logo. Tive uns minutinhos de contato mas não seria prudente amamentar e não o fiz. Mas não demorou muito para tê-la comigo e nunca mais me separar.
Um Sistema
Por estar na maternidade cumpri, claro, todo o protocolo do hospital. É um sistema (bicho papão) como todo sistema deva ser, mas era (é) humanizado e isso já me tocou bastante. Me senti bem a todo momento, fui muito bem tratada (até minha dieta vegetariana recebi sem problemas e nem questionamentos) e não existia uma pessoa que não me marcou lá dentro (simpáticos). Conversei por demais, fiz por demais novas amizades, informei e ganhei por demais novas informações... ganhei uma filha delicada e boazinha por demais. Mas é aquela coisa para quem sabe, quando você cai no sistema não tem mais volta o ideal é ficar bem longe dele.
A Amamentação
Com uma experiência prévia desta vez eu não passei sabão, eu não esfolei, não amaciei, não passei óleo não passei nada, simplesmente água e tão só. A pega deste filho é diferente, a dor é quase inexistente, e, como da primeira vez, o leite desceu no quarto dia só que sem problemas (sem fissuras, sem dor em nada). Minha filha mama em livre demanda. Passa o dia todo se espreguiçando, mamando e cochilando, e a noite toda dormindo a ponto de ter que acordá-la para mamar e se fortalecer. * Foi no dia 20 de julho de 2010 - 38 semanas e 5 dias - Alizie Morely Nasceu! (Eu posso ter me esquecido de coisas importantes... eu ainda vou dizer...)
Posição Genupeitoral
imagem retirada do Google imagens - meramente ilustrativa, mas ilustra bem de como eu estava, de como tive minha filha


Essa posição, genupeitoral, é a posição em que a mulher fica em quatro apoios, apoiada em travesseiros ou almofadas. É muito indicada para aumentar o fluxo sanguíneo da mãe e do bebê pois não comprime os grandes vasos que levam e trazem o sangue para a placenta, aumentando a oxigenação o bebê dentro da barriga e promovendo maior conforto para a mãe.***Abraço da Fran ... e não deixe de visitar os blogs:  


Relato da Marcella

A chegada de um anjinho...
Era madrugada ainda, senti meu corpo me avisando que a hora tinha chegado, guardei pra mim, não queria alarmar ninguém. Durante aquele lindo dia fiz tudo que sonhei fazer durante os nove meses que passei gestando aquele pequeno ser, andei com minha filha Larissa, tomamos um picolé de morango, tomei um longo e delicioso banho, acariciando aquela linda barriga que havia servido de casinha para minha Bea. Tinha certeza que teria minha bebê nos braços em pouco tempo. A noite chegou, numa visita a maternidade soube que estávamos bem, tudo na mais perfeita ordem. Isso foi bom porque me senti segura, tranquila. Passamos na casa da Patricia, conversamos com ela, foi delicioso, ela nos tratou com tanto carinho, nos lembrou de detalhes importantes que passariam desapercebidos em meio a tanta euforia, saímos de lá prontos para parir! Chegando em casa, atendendo a um dos conselhos da Paty, meu esposo fez com que eu me alimentasse. Depois disso, também conforme a Paty tinha orientado, tentamos descansar. Mas Já não consegui mais dormir, meu corpo havia começado a trabalhar ativamente para trazer minha Beatriz ao mundo e não havia mais nada que eu pudesse fazer para parar. Por algum tempo tentei ficar sozinha e deixar meu esposo descansando, mas longo precisei acordá-lo e pedir ajuda. Eu não consegui mais ficar deitada durante as contrações, precisava que ele me ajudasse a encontrar posições mais confortáveis. Nesse momento tive medo, medo de que meu esposo não tivesse a paciência e a delicadeza necessária para me ajudar, mas estava enganada. Meu esposo levantou-se, veio até a sala e sentou-se ao sofá, pôs a bola suíça na frente dele e com cuidado me sentou na bola, de frente pra ele, e olhando nos meus olhos disse: Agora eu estarei com vc e nós faremos isso juntos, até nossa princesinha chegar! Ele conversava comigo enquanto eu fazia os exercícios na bola para ajudar meu corpo, e quando as contrações vinham ele massageava minhas costas com o óleo que a Paty deu ( que delícia de óleo)!!! Ficamos assim até as três da manhã, já fazia algum tempo que as contrações estavam regulares a cada três minutos e eu decidi ir pra maternidade. Eu tinha medo de ficar demais em casa e não ter tempo de me sintonizar no hospital antes dela nascer. Na verdade acho que estava sentindo dor demais pra ficar em casa... hehehehehe...Chegando no Vitor eu já tinha cinco cm de dilatação, e fui autorizada a ficar no corredor com meu marido. Ele foi até o carro e pegou a bola, o óleo, minha bolsa cheia de coisas e veio me doular novamente. A maternidade parou. O que era aquele homem, massageado a mulher, tirando fotos enquanto ela fazia caretas em cima daquela bola ridícula!!!! Hehehehehehehehe, as pessoas paravam para ver aquele casal de loucos, que se beijava e ria o tempo todo, não podia acreditar que eu estava em trabalho de parto. A cada contração ele me abraçava e me ajudava a relaxar, fazia massagem e tudo isso sem que eu saísse de cima da bola. Estávamos em uma sincronia perfeita. Às cinco da manhã eu já tinha sete cm de dilatação. Estava radiante, pulava de alegria, Beatriz estava chegando. As sete fui avaliada novamente, sete cm ainda. Não fiquei triste nesse momento porque vi meu segundo anjo, porque o primeiro a me encontrar fora meu esposo, entrando pela porta do quarto com um sorriso lindo, era Adelita, donas das mãos que pegariam minha princesinha horas mais tarde. Voltei para fora com meu esposo, e ele me disse que a bola não estava mais me ajudando a dilatar, então ele me disse que nós deveríamos andar, e andamos. Andamos muito, só parávamos nas contrações, contrações essas em que ficávamos de cócoras. Todos achavam que nós éramos dois loucos, nunca haviam visto uma mulher em trabalho de parto tão agitada, tão menos um esposo tão cuidadoso e cheio de truques. Ele me surpreendia cada vez mais. Era um "doulo" perfeito. As dez da manhã Ade me avaliou, seis pra sete.... eu quase entrei em desespero. Já estava ficando cansada e a dor já era muito forte a algum tempo. Deitei para fazer um monitoramento das contrações e peguei no sono. Dormindo escutei a voz do meu esposo na porta do Centro Obstétrico e levantei correndo, sai pedindo desculpas porque dormi, sabia que deveria estar me movimentando para ajudar meu corpo a voltar a se abrir, só assim poderia trazer a nossa Beatriz. Voltei a andar com ele mas me sentia fraca, ele até saiu e providencio coisas para que eu comesse e me sentisse melhor, mas já eram quase 35 horas sem dormir, meu corpo doía de tanto cansaço. Mais um tempo se passou e eu pedi a doutora que fizesse algo para me ajudar, na verdade eu queria um remédio pra dormir, mas ele optou por romper a bolsa, eu estava com contrações muito distantes e isso deveria ajudar. E era preferível ao soro. Enquanto ela tentava romper a bolsa eu desisti, disse que voltaria a andar e que não precisava mais... mas ai já era tarde. Ela rompeu a bolsa e eu fui pra fora andar mais um pouco. A partir dai meu corpo voltou a trabalhar MESMO!!! A cada contração eu tremia muito, meu esposo sentia cada contração chegando só pelo meu olhar. Ele fazia de tudo para me ajudar, massagens, carinho, falava para eu respirar lentamente, tentava fazer com que eu soltasse meu corpo... Dizia: Diga A..., eu dizia A. Não assim, ele dizia: Diga AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA..... e eu então dizia: AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAARRRRRRRRRGGGGGGGGGGG!!!! Era cômico!!!!!!!! A cada contração saia muita água de mim, parecia que tinha estourado um cano!!!! Depois de andar muito, porque ele não me deixava ficar parada um minuto, eu me despedi do meu esposo porque não suportava mais ficar lá fora, precisava me aninhar e parir minha pequenina antes que eu me entregasse ao cansaço. Era meio dia. Entrei lá dentro e fui avaliada novamente, nem lembro mais os detalhes, só sei que doia pra valer. Adelita veio ficar comigo, ela me deixou fazer uma baita bagunça em cima da cama, nem fomos para a sala de parto e eu nem me importei com a pobre menina que estava ao lado, vendo eu experimentar um milhão de posições para parir.... hehehehe. De repente eu sentia muita vontade de fazer força, mas a força só vinha depois do grito e isso me fazia sentir vergonha. Eu não queria gritar, mas eu não conseguia segurar. Não era tipo um grito, era tipo um urro mesmo... e depois vinha a força. Adelita me dizia para sentir a bebe descendo, e me dizia que eu estava indo bem... Eu achava que ela estava mentindo porque eu estava fazendo um baita de um griteiro... mas vai ver que ela já estava acostumada!!! Eu perguntei a Ade se ela já havia coroado e ele me respondeu: Não ainda, quando coroar vc vai sentir. De repente corou, e eu senti, como senti!!!! Nessa hora eu esqueci tudo que havia planejado sobre parir suavemente e preservar o períneo... fiz uma força tão grande, mas tão grande que explodiu a Bea pra fora, sentia Adelita pegando ela e logo já me posicionei de forma a poder tocá-la. Esse momento foi mágico, sentir sua cabecinha empurrando para sair e sentir ela saindo, junto com aquela água quentinha e deliciosa e com aquele monte de meleca que agente acha o máximo!!!! Ela era morena, como eu havia sonhado... nasceu meio afogadinha e a maior emoção eu senti em segurar seu corpinho, vira-la de lado suavemente e vê-la respirar!!!! O que sinto agora ao lembrar é tão intenso que não consigo transformar em palavras... Foi a maior emoção que senti em minha vida!!! Ade ficou comigo e me ajudou com a placenta enquanto a pediatra levou a Bea como pede o protocolo da maternidade. Logo depois que acabamos, Adelita se despediu carinhosamente e se foi, já havia se passado a hora dela ir, mas ela ficou ali mais um pouquinho, um pouquinho que fez toda a diferença. Depois disso trouxeram minha bebê e nos levaram para o meu esposo, nesse momento a emoção foi toda imensa de volta. Ele olhava para nós com tanto amor, e seus olhos me olhavam com admiração, ele sentia, assim como eu, que havíamos realizado um grande sonho!!! A mim resta agradecer mais uma vez aos três anjos que fizeram dessa história de parto a mais linda que eu poderia viver: Adelita, Patricia e Edmar. Adelita parteira querida, com seu sorriso encantador, suas mãos delicadas que receberam minha pequenina flor, sempre me lembrando o quanto eu desejei aquele parto, daquele jeitinho, me dando força e me consolando; Patricia doula e amiga querida, que acompanhou essa história desde antes de que Bea estivesse em meu ventre e sempre me deu o apoio que precisava para parir novamente mas parir diferente, parir com prazer, vivendo aquele momento como uma experiência linda que é; Edmar, esposo querido, um perfeito "doulo" que vivenciou cada dor, cada medo, cada alegria, que trabalhou duro comigo para dar a nossa Princesa Beatriz o nascimento mais lindo, mais digno e mais emocionante que poderia ter. No dia seis de janeiro de 2010 nasceu Beatriz Luisa Viel, em um lindo, emocionante e inesquecível parto natural!!!



Relato da Lê

É lindo, empolgante e grande...rs... é melhor ler neste link:
http://www.orkut.com.br/Main#CommMsgs?cmm=547550&tid=5527477860566307957





Relato da Nicole


Descobri que estava grávida durante as férias, em fevereiro. Estava em Belém, um lugar muito quente e úmido e comecei a me sentir mal diariamente... após alguns dias, tomei coragem e fiz o teste: POSITIVO. Era minha segunda gestação não planejada e decidi que não falaria para ninguém. Voltei para Curitiba e aos poucos fui contando, primeiro para os amigos mais próximos, familiares, mais amigos, até a notícia se espalhar. Apesar do mal-estar nos primeiros meses, tive uma gestação muito saudável. Sentia-me disposta, cheia de energia e bonita, muito bonita... diferente da primeira gestação, dessa vez não tive muito apetite, consegui me alimentar de forma balanceada e engordei exatos 10 kg. Emocionalmente, foi um período difícil, mas freqüentei as aulas de Yoga e Preparação para o parto do Aobä e sempre que possível, conversava bastante com a Talia e a Luciana, doulas queridas. E apesar das "turbulências", sempre mantive uma certeza: Ariel nasceria em casa! Quando completei 36 semanas, por intermédio da Luciana e Talia, conheci a equipe de enfermeiras que me acompanhariam: Adelita, Aline e Maria Rita. Foi uma longa busca até que elas aparecessem, mas chegaram no momento certo, não poderia ser melhor. Depois de um pré-natal ‘’animado’’, freqüentando diversos médicos do convênio particular e do programa Mãe Curitibana, enfim conheci as pessoas certas e sabia que seria bem assistida. As semanas se passaram de forma tranqüila, estava sendo monitorada pelas enfermeiras e nos dois pré-natais e tudo corria bem. Mas a dona Ansiedade estava a postos, incomodando diariamente e quando completei 38 semanas, comecei a achar que a coisa estava muito demorada! Marquei uma sessão terapêutica para destravar possíveis bloqueios à vinda do Ariel e depois disso, me sentia mais preparada. No dia 23, virada da lua cheia, a Maria Rita esteve em casa e fizemos algumas manobras. Na mesma noite, fizemos uma meditação, eu e meu marido, preparando a chegada do Ariel. Senti que ele deu aquela ‘’encaixadinha final’’, mas continuou quieto. Então marcamos uma nova visita para o dia 26, domingo, quando estariam presentes as enfermeiras e as doulas, para uma reunião final antes do parto. Eu já estava com 39 semanas e 3 dias... Às 4h do dia 26, acordei sentindo um leve incomodo. Sabia o que estava acontecendo e num misto de alegria e medo, andei pela casa, meditei e rolei na cama até amanhecer. Às 6h, acordei o Junior: ‘’é hoje, ele está chegando!’’. Ele me abraçou e perguntou se eu queria avisar a equipe; mas ainda era cedo, achei melhor esperar. Às 8h, comecei a cronometrar as contrações: estavam bem regulares e curtas, de 5 em 5 minutos, com menos de 30 segundos. Então liguei para a Maria Rita, expliquei a situação e falei que ligaria depois do almoço. Antes que o Ariel chegasse, ainda queria participar de um temascal em Campina Grande do Sul. Mas as contrações evoluíram e senti que seria mais prudente ficar em casa. Junior e Luan saíram e sozinha, pude perceber melhor o trabalho de parto. Aspirei a casa, preparei o ‘’ninho’’ no quarto dos meninos, perfumei tudo com óleo de laranja doce, me arrumei, acendi uma vela e comecei a meditar. A cada contração, sentia meu corpo se preparando para o tão sonhado momento... era lindo! Tudo estava acontecendo da forma mais perfeita, estava serena, em casa, sozinha, em silêncio e nesse momento senti que daria conta, que só dependia de mim e mais ninguém... Aline ligou e em poucos minutos, já estava em casa. A essa altura, eu me sentia meio aérea, já com bastante dor e uma leve vontade de empurrar. Ela fez o toque e, para minha alegria, estava com dilatação total. Não sei em que momento aconteceu, mas quando me dei conta, Junior e Luan estavam sentados na cama, olhando, amorosamente me apoiando. Em volta de mim, Adelita, Aline, Luciana e Maria Rita. Estava em quatro apoios e respirava profundamente. Senti a cabecinha dele coroando, toquei seus cabelos. Mais um pouquinho, passou a cabeça. Esse momento é indescritível, único, magnífico! Lembro de ficar confusa ao tocar a cabeça: ‘’será que é ele?’’... Mais um pouquinho, força, concentração, respiração: NASCEU!!! Às 12h48 – mais ou menos, pois ninguém olhou exatamente o horário – nasceu Ariel! Lindo, sereno, forte, com 49 cm e 3.610 kg, no seu quarto, na segurança e conforto de casa. Junto com ele, nasceu uma nova mulher, mais segura, mais determinada... As vezes, olho pra ele e nem acredito... foi – e continua sendo - tudo tão perfeito! Durante todo o processo, fomos respeitados em nossas vontades; tudo aconteceu de forma fluida, no nosso tempo. A presença tanto das enfermeiras quanto da Lu foi absolutamente discreta, um apoio e atenção na medida certa... Depois de algum tempo elas me ajudaram com a amamentação e hoje estamos em plena lua-de-leite! Para mim, o parto é um momento de mergulho no ser, de conexão com o lado primitivo de ser mulher, com toda força e todo potencial que temos. A mulher que se permite essa experiência, jamais será a mesma... Acho importante dizer pras mulheres que por ventura leiam esse relato que o que importa não é saber que o PARTO DO ARIEL foi bem, mas saber que TODOS PODEM SER IGUALMENTE BEM-SUCEDIDOS. Médico algum me apoiou na decisão de ter um parto domiciliar; ninguém me autorizou a fazer isso ou garantiu que daria certo. Eu apenas sabia que podia tentar e tentando teria grandes chances de conseguir! É preciso uma grande dose de confiança e um "filtro" nos ouvidos para não cair nas armadilhas de exames mal-feitos, comentários médicos tendenciosos ou o alarde que as pessoas fazem... mas diariamente mulheres como eu e você dão ä luz da maneira como escolheram, assumindo a responsabilidade por seu corpo e por esse processo tão lindo e transformador que é o parto!

Pessoal visitem o blog da Nicole, é muito bacana: http://naturoterapeuta.blogspot.com/