sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

O Parto do Ano!


O Ano Velho diz:

-Eu Parto para que o outro possa Nascer!

E o Ano Novo Nasceu!

Dentro do Ventre do Mundo o Ano se Mexeu

E a Bolsa Estourou

Milhões de Luzes se Espalharam pelos Céus

O Ano Novo Nasceu de Parto Normal

Seu Choro em forma de Estrondos

Chamou a Atenção dos Humanos

Hoje e Agora ele ainda é um Bebê

Cheio de Curiosidades

Cheio de Expectativas

Cheio de Esperanças.


Fonte: O PARTO DO ANO. publicado 1/01/2010 por Marlene Santos em http://www.webartigos.com

domingo, 19 de dezembro de 2010

Feliz Natal ... Divino e Natural!

Sugestão da minha amiga Maria Rita:

Por Michael Odent

Por um novo paradigma do nascimento e do ser humano!

Minha própria imagem do nascimento é inspirada pelo que eu aprendi de mulheres que colocam no mundo seus bebês numa intimidade completa, sem se sentir conduzidas ou observadas. Ela é também influenciada por algumas leituras, tais como as do proto-evangelio de Jacques o Menor. Segundo Jacques, assim que Maria começou a dar à luz, José partiu em busca de uma parteira. Quando ele retornou com a parteira, Jesus já havia nascido. Foi somente quando uma luz brilhante se atenuou, que a parteira se encontrou diante de uma cena incrível: Jesus já havia encontrado o seio de sua mãe! Segundo Jacob Lorber, no seu livro sobre a infância de Jesus, a parteira teria exclamado que essa criança se conduziria, tornando-se homem, segundo as leis do amor e não segundo as leis estabelecidas pelos homens. No dia em que Jesus estava prestes a vir ao mundo Maria, recebeu uma mensagem – uma mensagem de humildade. Ela se encontrava num estábulo, entre outros mamíferos. Sem palavras para dizer, suas companhias lhe ajudaram a compreender que nestas circunstâncias só lhe restava aceitar sua condição de mamífero. Era necessário superar as limitações do ser humano e se livrar da efervescência de seu intelecto. Era necessário secretar os mesmos hormônios que outros mamíferos secretam quando eles colocam no mundo seus bebês, fazendo agir a parte primitiva do cérebro, que todos nós temos em comum. A situação era ideal para que Maria sentisse segurança. O trabalho de parto ocorreu nas melhores condições possíveis. Tendo discernido a mensagem de humildade e aceito sua condição de mamífero, Maria se encontrou sobre quatro patas. Em tal postura e na obscuridade da noite, ela facilmente se abstraiu do mundo. Pouco depois do nascimento, o recém-nascido Jesus estava nos braços de uma mãe extática, tão instintiva como uma mãe mamífero em condições semelhantes. Foi numa atmosfera verdadeiramente sagrada que Jesus foi acolhido, em que ele pôde, facilmente e progressivamente, eliminar os hormônios de estresse que ele teve necessidade de secretar para nascer. O corpo de Maria estava bem quente. Mesmo o estábulo estava quente, graças à presença dos animais. Instintivamente Maria cobriu o corpo do bebê com uma roupa que ele tinha em suas mãos. Ela ficou fascinada pelos olhos de seu bebê e nada poderia distraí-la da intensidade do cruzamento de olhares que se estabeleceu. Este cruzamento de olhares lhe permitiu alcançar um outro pico de ocitocina, o que provocou uma nova série de contrações uterinas que enviou ao bebê um pouco de sangue precioso acumulado na placenta. E, logo, a placenta foi depreendida. Mãe e bebê se sentiam em segurança. No início, Maria, conduzida pela parte do cérebro que compartilhamos com todos os mamíferos, estava de joelhos. Depois do desprendimento da placenta, ela se deitou de lado com o bebê próximo de seu coração. De repente, Jesus virou a cabeça para direita e para a esquerda, e, finalmente, abriu a boca em forma de O. Conduzido pelo cheiro, ele se aproximou cada vez mais do seio. Maria, que estava ainda sob os efeitos de um equilíbrio hormonal particular e, portanto, muito instintiva, sabia perfeitamente como segurar seu bebê e fazer os gestos necessários para ajudá-lo a encontrar seu seio. Foi assim que Jesus e Maria transgrediram as regras estabelecidas pelo neocortex da comunidade humana. Jesus - um rebelde incurso desafiando toda convenção - havia sido iniciado por sua mãe. Jesus mamou por muito tempo e vigorosamente. Com o apoio de sua mãe, ele saiu vitorioso em dos episódios mais críticos da sua vida. Em poucos instantes, ele se adaptou à atmosfera e começou a utilizar seus pulmões. Adaptou-se às forcas de seu peso e às diferenças de temperatura e entrou no mundo dos micróbios. Jesus é um herói! Não havia relógio no estábulo. Maria não procurou saber quanto tempo Jesus permaneceu ao seio antes de adormecer. Na noite seguinte, Maria teve apenas alguns episódios de sono leve. Ela esteve vigilante, protetora e ansiosa por satisfazer as necessidades da mais preciosa das criaturas terrestres. Nos dias seguintes, Maria aprendeu a sentir quando seu bebê apresentava a necessidade de ser embalado. Havia tanta harmonia entre eles que ela sabia perfeitamente adaptar o ritmo do embalar às necessidades do bebê. Enquanto embalava, Maria se punha a cantarolar melodias e a reunir algumas palavras. Como milhões de outras mães, ela havia descoberto as embaladeiras. Foi assim que Jesus começou a descobrir o movimento e, portanto, ele começou a adquirir a noção do tempo. Ele entrou progressivamente na realidade espaço-tempo. Em seguida, Maria introduziu gradativamente palavras, cantarolando suas cantigas de ninar. E então Jesus absorveu sua língua maternal.

"Nascer Sorrindo"

Este post é em homenagem a Vera. Ontem acho que “traumatizei” minha colega de plantão...rs... para variar gerei uma certa “polêmica” entre o pessoal, então prometi que escreveria algo aqui. A polêmica ocorreu por conta dela dizer que havia estimulado um bebê a chorar logo ao nascer... procedimento perfeitamente usual realizado por todos (a maioria) os profissionais nas maternidades.  Então eu disse que na realidade o bebê não deveria chorar, o choro é sinal de uma sensação muito dolorosa, e essas sensações ficam na memória da criança.... bem como as sensações de prazer.  Não tiro a razão do espanto dela e todos que estavam a minha volta quando fiz este comentário, afinal todos (médicos e enfermeiros) aprendemos que o choro forte é sinal de vitalidade, inclusive um dos parâmetros a serem avaliados no APGAR (notinha que a criança recebe ao nascer). O choro está embutido na imagem que as pessoas teem de um nascimento saudável, até as mães ficam apavoradas se o bebe não chorar. Bem, para esclarecer minha teoria.... na realidade não é minha (nem de longe) faço outra sugestão de leitura:  “NASCER SORRINDO” do médico obstetra Frédérick Leboyer, escrito na década de 70. Neste livro poético,  o autor explica o nascimento da perspectiva da criança, nascer não é fácil é uma adaptação ao novo mundo, às novas sensações, cada bebê tem seu tempo. Cortar o cordão após o termino da pulsação, ter seu corpinho tocado primeiramente pelas mãos de sua mãe de maneira suave e tranqüila, nascer na penumbra, no silêncio.... assim deve ser a chegada de uma alma ao mundo....suave, sem traumas desnecessários. Gritos de alegria, luzes fortes e estímulos vigorosos... fazem o bebe chorar...de dor. Ok, ai me perguntam, mas como o bebê respira? Como vai encher o pulmão de ar sem chorar? Primeiramente enquanto o cordão pulsar ele estará sendo oxigenado, e segundo ele não precisar chorar, e sim RESPIRAR ... dará apenas um ou dois (ou quantos necessitar) gritos de expansão pulmonar. No livro o autor mostra fotos tiradas de recém nascidos, com expressões de dor e agonia...e as comparam com imagens dos que são recebidos de maneira tranqüila (como tem que ser)... genteee, com certeza faz diferença. O nascimento de uma criança pode influenciar positiva ou negativamente a vida desta pessoa... o que desejamos ao futuro dos nossos filhos? Indivíduos calmos e seguros ou violentos? Como nós profissionais podemos contribuir para um mundo melhor? São atitudes muuuuuito simples e que farão toda a diferença na vida desta criança.   “Viver livre significa respirar livremente” (F. Leboyer)

sábado, 4 de dezembro de 2010

Parto Domiciliar: Escolha da Mulher


A gestação e o parto sempre foram vistos como eventos naturais e fisiológicos na vida de uma mulher. As experiências eram passadas de mãe para filha, entre irmãs ou amigas. O nascimento da criança era atendido por parteiras ou comadres, na casa da própria mulher. No entanto, com a intensificação da tecnologia e a entrada dos homens na assistência ao parto nos últimos séculos, o parto tem deixado de ser um evento feminino e natural, passando a ser tratado como doença e com a necessidade constante e rotineira de intervenções médicas1. Nossos corpos, nossas mentes, nossos filhos e nossa sociedade teem sido violentados com agressões e intervenções desnecessárias, em detrimento a um modelo de assistência tecnocrático e biomédico. Há algumas décadas as mulheres do mundo todo tem sentido na pele as conseqüências deste modelo, e num movimento de resgate da autonomia de seus corpos e do parto seguro e fisiológico, muitas mulheres tem optado por terem seus filhos em casa. A casa é a identidade de uma pessoa, é seu refúgio, é o local onde ela pode se sentir acolhida e segura. O parto é um evento de intima relação entre a mulher, seu corpo e seu filho. A mulher deve estar conectada com suas vozes interiores para vivenciar de maneira plena este momento. Estar num ambiente (seja ele qual for) com muitos estímulos, conversas paralelas, pessoas desconhecidas pode desfavorecer e dificultar esta vivência. Segundo a Organização Mundial de Saúde2 a mulher, de baixo risco gestacional, pode escolher o local e com quem terá seu filho (parteira, enfermeira obstetra, obstetriz ou medico), da maneira que se sentir mais segura. Sentir-se segura é primordial para que o momento do nascimento ocorra de maneira tranqüila e natural.

1.Seibert, S.L; Barbosa, J.LS; Santos, J.M; Vargens, O.M.C. MedicalizaçãoXHumanização: O cuidado ao parto na história. Revista de Enfermagem da Universidade Estadual do Rio de Janeiro. 2005, vol. 13, p. 245- 251.
2.Organização Mundial da Saúde (OMS). Safe Motherhood. Care in Normal Birth: A pratical Guide. Genebra, 1996.

domingo, 21 de novembro de 2010

"A Cientificação do Amor"


Oi pessoal, várias pessoas que trabalham comigo, além dos acadêmicos que passam nos estágios na Maternidade Vitor do Amaral, habitualmente me questionam em relação ao meu modelo de assistência...querem saber principalmente onde aprendi tais práticas de parto....imagino que também devem pensar de onde "tiro" minhas idéias "divergentes" de outros profissionais...rs
Então pensei em dar aqui algumas dicas de leituras (livros, artigos cientificos) que fiz e que ainda estou fazendo...e que ajudam na minha prática diária em obstetricia.
O primeiro livro que indico é "A cientificação do Amor" do Michel Odent, é um livro maravilhoso, uma leitura tranquila, para qualquer pessoa...principalmente para profissionais da obstetricia que desejam "humanizar" ou "naturalizar" sua assitência as mulheres. Basicamente o tema central gira em torno da ocitocina (importancia da ocitocina endógena)e das intervenções obstétricas e suas consequências (sérias/graves)na vida de um ser humano....a influencia do modo como nascer pode ter sobre os vinculos afetivos e o comportamento de cada indivíduo. E o principal do conteúdo....principalmente para os profissionais mais céticos...é que ele é todo baseado em pesquisas e evidências científicas!!!Há 4 anos li este livro...fez parte da minha mudança enquanto pessoa e profissional...lembro que na época fiquei bem "piradinha" pensando o quanto minhas atidudes teriam influenciado a vida dos invivíduos que auxiliei a grande chegada....mas sempre há tempo de mudar (eu tenho mudado...todo dia)...e principalmente de fazermos nossa parte na mudança por um mundo menos violento!!! Bjo gente, Adelita

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

ASSISTÊNCIA DA ENFERMEIRA OBSTETRA NO PARTO ATIVO E HUMANIZADO

O modelo de assistência ao parto no Brasil é predominantemente tecnocrático, especialmente nas instituições de ensino, local de formação de profissionais da saúde(1). No entanto, com o movimento pela humanização do parto e nascimento(2), outros tipos de experiências vêm ganhando visibilidade e, com ele, o conceito de parto ativo(3). O termo humanização vem historicamente sendo expresso como uma mudança no entendimento do parto como uma experiência humana, e para quem o acompanha um direcionamento de como agir diante o sofrimento de uma mulher. Para tanto, desde o inicio do século XX a medicina tem tentado abreviar este sofrimento, por meio da hospitalização do parto e o uso de intervenções, na maioria das vezes iatrogênicas – fórceps, episiotomia e cesareana. A crítica a este modelo tecnocrático e intervencionista se desenvolve com o surgimento de diversos movimentos pelo resgate do parto como um evento natural, consciente, sem violência e controlado pela mulher.
Assim o parto passa de castigo e sofrimento a evento que respeita e envolve experiências pessoais, sexuais e familiares, tais como as dores, a presença de gemidos, secreções, emoções intensas e contato corporal(4). Para que um parto seguro, fisiológico e prazeroso ocorra alguns fatores devem ser oferecidos ou minimizados.
O excesso de estímulos durante um trabalho de parto pode torná-lo demorado, doloroso e cansativo, além de favorecer a utilização de intervenções medicamentosas. A presença de luzes, conversas desnecessárias e pessoas observando seu comportamento, podem gerar um comportamento de estresse e medo que levam a intensificação da sensação dolorosa, além da liberação de adrenalina e conseqüente bloqueio do hormônio ocitocina – responsável pela ocorrência das contrações durante o trabalho de parto(6). A mulher deve sentir-se segura e confortável, seja qual for o local de escolha para a ocorrência do parto(5). Nesta perspectiva, cabe a enfermeira obstetra identificar a necessidade individual de cada gestante, seja no hospital ou domicilio, permitindo, apoiando e favorecendo um parto seguro, ativo, natural e consciente. Desta maneira, apresento um relato de experiência sobre como as concepções de parto ativo e humanizado e a prática de uma enfermeira obstetra, em um hospital de ensino e em domicílio vem se desenvolvendo. Atuo como enfermeira obstetra em maternidade situada em Curitiba, capital de um dos Estados da Região Sul do Brasil. Trata-se de um hospital-escola público; nele, a assistência aos cerca de 300 partos/mês é realizada por estudantes, residentes de medicina, médicos obstetras e, também por enfermeiras obstetras. O modelo de assistência ainda é centrado na figura do profissional médico e as mulheres têm pouca ou nenhum poder decisório sobre seu corpo e sobre os procedimentos realizados. No Brasil, as enfermeiras possuem dificuldades de atuação na área obstétrica, principalmente na assistência ao parto hospitalar(7). Não é diferente onde atuo. Entretanto, como muitas enfermeiras, sinto-me comprometida com uma nova forma de atender as mulheres no momento do parto. Há quatro anos tenho assistido partos num modelo de assistência que valoriza o parto fisiológico. Neste modelo as mulheres são encorajadas e apoiadas a permanecerem ativas durante seu trabalho de parto, adotando posições verticais, movimentando seus corpos e seguindo seus instintos. Seguem-se ainda as recomendações da Organização Mundial de Saúde para o parto(5), tais como ingesta de liquidos por via oral, presença do acompanhante e uso racional das intervenções. A maioria dos profissionais, médicos e de enfermagem, desconhecem este modelo de assistência, ou acostumados ao modelo tradicional relutam em praticar este novo olhar sob o nascimento. Minha outra experiência como enfermeira obstetra aconteceu há um ano quando iniciei a prática do parto domiciliar em Curitiba. O convite para adentrar neste novo universo partiu da solicitação de gestantes ávidas por vivenciar de maneira natural, ativa e intima o nascimento de seus filhos. Em um ano acompanhei 9 partos domiciliares – para mim quebra de paradigmas e experiências renovadoras. Corpos femininos carregados de conflitos, emoções e prazeres. Em cada parto vivenciei o processo de parir e testemunhei o feminino, o instintivo, o sexual e o renascedor. O domicílio propicia uma espécie de ninho acolhedor e seguro, preparado pela própria mulher para receber seu filhote – é dona do seu ambiente, somos apenas visitas convidadas a assistir o nascimento de uma criança e o renascimento de uma mulher, de uma família. Ao testemunhar partos naturais e instintivos, no hospital ou em casa, percebo como a natureza é soberana e interferir neste processo, somente com muita sensibilidade, delicadeza e sabedoria.
DENIPOTE, AGM

REFERENCIAS:
1. Davis-Floyd RE. The Technocratic Body: American childbirth as cultural expression. Social Science and Medicine. V. 38, no. 8, p.1125-1140, 1994.
2. Ministério da Saúde. Parto, aborto e puerpério. Assistência humanizada à mulher. Brasília (DF); 2001.
3. Balaskas J. Parto Ativo – Guia Prático para o Parto Natural. Ed. Ground. 1996. São Paulo.
4. Diniz CSG. Humanização da assistência ao parto no Brasil: Os muitos sentidos de um movimento. Ciência & Saúde Coletiva 2005, 10(3): 627-637.
5. Organização Mundial de Saúde (OMS). Maternidade segura: assistência
ao parto normal – um guia prático. Genebra(SW); 1996, p.12.
6. Odent Michael. A Cientificação do Amor. Florianópolis: Saint Germain, 2002. 142p.
7. Merighi Miriam Aparecida Barbosa, Yoshizato Elizabete. Seguimento das enfermeiras obstétricas egressas dos cursos de habilitação e especialização em enfermagem obstétrica da Escola de Enfermagem, da Universidade de São Paulo. Rev. Latino-Am. Enfermagem [serial on the Internet]. 2002 July; 10(4): 493-501.