Sugestão da minha amiga Maria Rita:
Por Michael Odent
Por um novo paradigma do nascimento e do ser humano!
Minha própria imagem do nascimento é inspirada pelo que eu aprendi de mulheres que colocam no mundo seus bebês numa intimidade completa, sem se sentir conduzidas ou observadas. Ela é também influenciada por algumas leituras, tais como as do proto-evangelio de Jacques o Menor. Segundo Jacques, assim que Maria começou a dar à luz, José partiu em busca de uma parteira. Quando ele retornou com a parteira, Jesus já havia nascido. Foi somente quando uma luz brilhante se atenuou, que a parteira se encontrou diante de uma cena incrível: Jesus já havia encontrado o seio de sua mãe! Segundo Jacob Lorber, no seu livro sobre a infância de Jesus, a parteira teria exclamado que essa criança se conduziria, tornando-se homem, segundo as leis do amor e não segundo as leis estabelecidas pelos homens. No dia em que Jesus estava prestes a vir ao mundo Maria, recebeu uma mensagem – uma mensagem de humildade. Ela se encontrava num estábulo, entre outros mamíferos. Sem palavras para dizer, suas companhias lhe ajudaram a compreender que nestas circunstâncias só lhe restava aceitar sua condição de mamífero. Era necessário superar as limitações do ser humano e se livrar da efervescência de seu intelecto. Era necessário secretar os mesmos hormônios que outros mamíferos secretam quando eles colocam no mundo seus bebês, fazendo agir a parte primitiva do cérebro, que todos nós temos em comum. A situação era ideal para que Maria sentisse segurança. O trabalho de parto ocorreu nas melhores condições possíveis. Tendo discernido a mensagem de humildade e aceito sua condição de mamífero, Maria se encontrou sobre quatro patas. Em tal postura e na obscuridade da noite, ela facilmente se abstraiu do mundo. Pouco depois do nascimento, o recém-nascido Jesus estava nos braços de uma mãe extática, tão instintiva como uma mãe mamífero em condições semelhantes. Foi numa atmosfera verdadeiramente sagrada que Jesus foi acolhido, em que ele pôde, facilmente e progressivamente, eliminar os hormônios de estresse que ele teve necessidade de secretar para nascer. O corpo de Maria estava bem quente. Mesmo o estábulo estava quente, graças à presença dos animais. Instintivamente Maria cobriu o corpo do bebê com uma roupa que ele tinha em suas mãos. Ela ficou fascinada pelos olhos de seu bebê e nada poderia distraí-la da intensidade do cruzamento de olhares que se estabeleceu. Este cruzamento de olhares lhe permitiu alcançar um outro pico de ocitocina, o que provocou uma nova série de contrações uterinas que enviou ao bebê um pouco de sangue precioso acumulado na placenta. E, logo, a placenta foi depreendida. Mãe e bebê se sentiam em segurança. No início, Maria, conduzida pela parte do cérebro que compartilhamos com todos os mamíferos, estava de joelhos. Depois do desprendimento da placenta, ela se deitou de lado com o bebê próximo de seu coração. De repente, Jesus virou a cabeça para direita e para a esquerda, e, finalmente, abriu a boca em forma de O. Conduzido pelo cheiro, ele se aproximou cada vez mais do seio. Maria, que estava ainda sob os efeitos de um equilíbrio hormonal particular e, portanto, muito instintiva, sabia perfeitamente como segurar seu bebê e fazer os gestos necessários para ajudá-lo a encontrar seu seio. Foi assim que Jesus e Maria transgrediram as regras estabelecidas pelo neocortex da comunidade humana. Jesus - um rebelde incurso desafiando toda convenção - havia sido iniciado por sua mãe. Jesus mamou por muito tempo e vigorosamente. Com o apoio de sua mãe, ele saiu vitorioso em dos episódios mais críticos da sua vida. Em poucos instantes, ele se adaptou à atmosfera e começou a utilizar seus pulmões. Adaptou-se às forcas de seu peso e às diferenças de temperatura e entrou no mundo dos micróbios. Jesus é um herói! Não havia relógio no estábulo. Maria não procurou saber quanto tempo Jesus permaneceu ao seio antes de adormecer. Na noite seguinte, Maria teve apenas alguns episódios de sono leve. Ela esteve vigilante, protetora e ansiosa por satisfazer as necessidades da mais preciosa das criaturas terrestres. Nos dias seguintes, Maria aprendeu a sentir quando seu bebê apresentava a necessidade de ser embalado. Havia tanta harmonia entre eles que ela sabia perfeitamente adaptar o ritmo do embalar às necessidades do bebê. Enquanto embalava, Maria se punha a cantarolar melodias e a reunir algumas palavras. Como milhões de outras mães, ela havia descoberto as embaladeiras. Foi assim que Jesus começou a descobrir o movimento e, portanto, ele começou a adquirir a noção do tempo. Ele entrou progressivamente na realidade espaço-tempo. Em seguida, Maria introduziu gradativamente palavras, cantarolando suas cantigas de ninar. E então Jesus absorveu sua língua maternal.
Oi Adelita, realmente uma linda história...possível para todas as mulheres que como Maria, entregou-se a sabedoria da mãe Terra e ao poder ancestral do corpo feminino, para dar vida e luz ao menino Jesus.
ResponderExcluirAproveito para desejar a você e a tod@s @s seus seguidor@s do seu blog... um Natal prenhe de sabedoria e imerso do poder divino do nascimento. Que essa história possa tocar os corações daqueles que querem e fazem do nascimento um martírio para as mulheres e os bebês...Desejo imensamente que Maria e Jesus nos abençoe a tod@s!!!!!
Um grande beijo
Maria Rita
QUE LINDOOO! adelita, é realmente emocionante pensar e sentir o parto sob essa perspectiva! gratidao pelo texto partilhado e por tudo mais.
ResponderExcluiraproveito pra deixar aqui votos de que teu 2011 seja sublime! cheio de maes corajosas e empoderadas e bebes determinados a nascer da maneira mais natural possível! que continues com garra e energia bastante pra conduzir teu trabalho dessa maneira maravilhosa que tem feito.
grande beijo