terça-feira, 1 de março de 2011

PARIR X NEOCÓRTEX

Trechos do resumo do Workshop com Michel Odent, em Curitiba,no espaço Aoba.
Parir não é assunto para o néocortex!
Nas estruturas cerebrais arcaicas notavam-se a presença da glândula pituitária e do hipotálamo, sendo que nos Homo sapiens ocorreu o desenvolvimento do néocortex, que durante o parto precisa "parar de funcionar", descansar - um dos aspectos mais importantes da fisiologia do parto, tendo a mulher protegida de estímulos, como a fala, necessitando do silêncio, o uso da palavra no TP, porém em nossa sociedade atual leva-se tempo para "aceitar" o silêncio, onde usamos demasiamente a fala racional - "Você está com oito centímetros!". Faz-se necessário ter muito cuidado ao se perguntar qualquer coisa para a mulher durante o TP, por conta desta interferência. O fato de ser observado também estimula o néocortex, que dirá de cardiotocos, pessoas e câmeras fotográficas e filmadoras. Como aceitar esses preceitos como necessidades básicas? Aí encontramos um grande perigo! Muita atenção! A única necessidade básica é sentir-se segura e não observada. Quem poderia estar no parto e não "atrapalhar", fazendo com que a mulher se sentisse segura? A mãe? A parteira? O desaparecimento das parteiras indica a falta de compreensão da fisiologia do parto, tendo esse ofício ancestral se configurado como mais um membro da equipe médica. Assim, uma parteira "autêntica" compreende intuitivamente e cientificamente o antagonismo entre ocitocina/adrenalina e como é contagioso! A liberação de adrenalina é contagiosa! Desta forma, a duração do TP é proporcional a liberação de adrenalina entre os presentes. Sendo assim, manter o nível de adrenalina baixo é uma das atividades de uma parteira "autêntica", conciliando conhecimento com consciência. A fome é também um dos fatores que desencadeia mais adrenalina, e, o que dizer das inúmeras cascatas de intervenções ocorridas nos partos hospitalares, desde o parto, nascimento do bebê até a dequitação da placenta? Para fazer com que as pessoas percebam o momento atual é necessário trazer-lhes informação com embasamento científico, fazendo surgir uma nova consciência, que nos é um dever, conciliando intuição e Ciência - cá está o ponto de mutação do parto. Hoje temos pressa! Bebês precisam nascer em datas pré-agendadas. De acordo com a data da última menstruação (DUM) versus o dia da fecundação, temos 42 semanas, mas se medirmos a altura do útero, analisar quantas vezes o bebê se movimenta, sendo preciso 10 movimentações diárias, realizar uma Amnioscopia, um ultrasom, coletar a urina e ver a taxa de hormônio da placenta, estando seu funcionamento placentário perfeito, podemos aguardar a chegada desde bebê um pouco mais. E, como escolher seu tipo de parto, entre um parto domiciliar (PD) ou um parto normal hospitalar (PNH)? A resposta de Odent é: "Sentir-se segura é o principal! Não há um protocolo rígido. O mais apropriado é combinar a intimidade do lar com o equipamento hospitalar. Talvez esse seja o futuro."

Imagem: google

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